13 abril, 2009

GOTAS

Como se termina amando?

Como a gente pode terminar algo sabendo que vamos amar aquela pessoa pra sempre?

Que o amor, talvez, não mude. Ou muda?

Será que todo esse amor pode se transformar em outra coisa... um amor de amigo? Um amor de irmão?

No momento eu acho que não.

Meu peito simplesmente não aceita.

Porque eu fiz isso. Terminei assim. Amando.

E hoje meu coração acordou com um buraco.

Eu sabia que ontem tinha sido uma despedida. Ninguém falou nada. Mas eu simplesmente sabia.

E aí...

Não tinha mais espaço pra tanta lágrima. Eu nunca pensei que uma dor pudesse ser tão aguda.

E justamente porque não cabia mais lágrimas nos meus olhos. É que hoje amanheceu chovendo.

Eu sabia que aquela chuva estava ali na minha janela só pra representar meu peito.

Sabia que aquelas gotas estavam sendo solidárias às minhas lágrimas.

E por causa delas, hoje eu não chorei sozinha.

Por causa delas e da Marina de la Riva.





Porque ela, com sua música, estava sentindo o mesmo que eu. Junto comigo

(afinal, não é pra isso que a arte serve. para representar no exterior, o que está dentro da gente. Pra gente ver de fora o que não consegue ver por dentro?)

E eu, junto com as gotas. O céu cinza. E o CD da Marina. Choramos todos juntos.

Choramos porque descobrimos que, talvez, o amor não seja tudo. Não seja pra sempre. Não valha a pena apesar de...

Como se descobre isso sem se quebrar por dentro?

Ou será que sou eu que estou perdida?

Perdi meu caminho.

E estou chorando sozinha. Estou?

Sei que perdi, junto com o meu amor, as pegadas e a trilha que eu estava seguindo.

E agora eu to tateando no escuro.

E confesso que estou com medo.

02 abril, 2009

CINZA

Hoje eu acordei péssima.

Triste, deprimida, só, me sentindo a pior e mais descartável pessoa do mundo.
Com aquela vontadinha de chorar que não passa nunca... aquele nozinho na garganta que vc evita falar... por que teme que as lágrimas caiam no momento mais indevido.
E o que eu fiz hoje, e é o que eu acabo fazendo mesmo nessas situações. Foi afastar as pessoas de mim... mesmo as que vinham tentar me alegrar, as que não tinham percebido meu estado, as que só vieram perguntar as horas, ou as que me convidaram pro almoço.

Afastei de modo ríspido às vezes, raivoso para outras e indiferente para a maioria.
Resumindo: no meu dia de peito apertado e doído. Minha imagem pro mundo fez-se de uma verdadeira chata intragável insuportável.

Mas ok.

Mas ok?

Como avalanche pouca é bobagem... a bola de neve cresceu. E a tristeza, que se transformou em solidão e passou a ser chatice... acabou se transfigurando em um sentimento de fracasso total.

Fracasso profissional e social.

O que me deixou sem vontade de fazer nada ( até por que nada que eu faço presta mesmo, etc...)

Engraçado eu narrar um dia desses no exato momento em que ele está acontecendo.
No exato momento em que as vozes das pessoas falando e rindo perto de mim soam como tiros agudos no meu ouvido. E olha que são as pessoas que eu gosto...
Incomum confessar assim, pra todo mundo, esse meu lado pouco colorido.
Mas eu fiz isso :

1 – pra desabafar mesmo, por que o blog é meu e se eu quero despejar angústias verbais nele... eu faço!

2 – pra dizer pras pessoas que de vez em quando elas tomam ou dão umas pisadas mais fortes. Tanto no chão ao andar... quanto nas pessoas que elas mais gostam... E se você for vítima ou algoz... tudo bem, vai...

3 – para dizer que é nessas horas terríveis que você fica mais inspirada, para coisas parelelas. Você não vai conseguir se concentrar no trabalho... sinto muito. Mas vai ler de modo diferente um bom texto, ver de forma mais enriquecedora qualquer produto audiovisual, ouvir com mais alma um música...

E são justamente essas coisa que terão, ou teriam, a capacidade de salvar o seu dia.
Por isso, preste atenção nelas. E se permita não prestar atenção em nada mais.
Se permita não ouvir quando as pessoas falarem com você, se permita não perceber que o farol abriu, se permita não começar na hora que precisa aquela tarefa...
E se permita perder tempo prestando atenção demais em coisas “inúteis”.