27 janeiro, 2012

AS TORRES DO CHILE




Nossa estada por El Calafate estava chegando ao fim. Mas eu não vou mudar de país sem antes deixar uma dica: se você for pra El Calafate, não deixe de ir ao Fitz Roy! É um lugar mágico de tão lindo. Fica na cidade de El Chaltén, distante cerca de 220 km de El Calafate.

FRONTEIRA

El Calafate, Argentina fica a 440 Km do Parque Nacional Torres Del Paine, Chile. Mas não se engane. São 440 Km passando por rípio, duas aduanas, e belísssimos pontos para foto. A viagem leva umas oito horas.

Uma boa dica pra quem vai cruzar a patagônia de carro é: leve som! Não que não seja divertido rodar cantando, mas nos fez alguma falta.

Outra coisa imprescindível a ser anotada e lembrada antes de iniciar uma road trip na Patagônia é: cuidado para não atropelar lebres.

Nem guanacos. Nem ovelhas.

Não, a gente não atropelou.

Na verdade, a melhor maneira de cruzar com fauna na patagônia, pelo eu pude perceber, é na estrada. E meu conceito de viagem perfeita tem a ver com bicho.

A fauna da Patagônia é variada e linda. Tem uma mistura equilibrada de animais do deserto e animais de floresta temperada.

Os guanacos são os nossos camelos. Os camelos da América do Sul. Eles são os mamíferos mais adaptados ao clima árido que temos por aqui. Eles vivem muito bem desde o sul do Chile até o deserto do Atacama, o lugar mais seco do mundo. Os guanacos são diferentes das lhamas. As lhamas são animais domésticos, como vacas ou ovelhas, os guanacos são silvestres.

Guanaco filhote, em Torres del Paine

O zorro é uma raposinha pequena. A gente cruzou com zorros na estrada e no Parque Torres Del Paine.

Existem dois tipos de lebres na patagônia, a mara ou lebre-da-patagônia e a lebre européia, que foi introduzida pelo homem e acabou virando animal silvestre. A lebre da patagônia está ameaçada de extinção, por causa do aumento das fazendas e da competição com a lebre européia. A lebre que vimos com mais freqüência foi a lebre européia.


Lebre-da-Patagonia (foto de arquivo)













lebres no Parque Nacional Tierra del Fuego



Os castores também foram introduzidos na patagônia pelo homem. E viraram uma praga, pois eles fazem diques, que inundam uma região e matam as árvores dos bosques. Você já viu dique de castor? Meu, é impressionante! É o bicho mais engenheiro do mundo.

dique construído por castores, Parque Nacional Tierra del Fuego







Os castores roem as árvores e fazem diques. Tá vendo as árvores secas no fundo da foto? Então, elas morreram pois a água subiu.

Os castores são nativos dos bosques temperados do hemisfério norte. As árvores lá já são adaptadas a viverem em locais com água, por isso os diques dos castores não matam os bosques.

Aqui no hemisfério sul as árvores não são adaptadas. Os castores, por outro lado, se adaptaram muito bem.

Mas não é fácil encontra-los.

No Parque Nacional da Terra do Fogo eu os procurei, ficamos um bom tempo caminhando ao redor dos diques, mas nada dos castores aparecerem. Enfim... eles são animais com hábitos mais noturnos... (ou pelo jeito, o país está tendo suceso em elimina-los).


CRUZANDO

Quando você estiver cruzando de um ponto ao outro, pare na estrada. Nos detalhes moram a beleza. Chegar é maravilhoso, mas a viagem também está no caminho. Não se apresse. Road trip não é sobre chegar, é sobre caminhar, rodar.

Como eu disse, Torres Del Paine fica no Chile. E é preciso cruzar a aduana. Dica: não pode cruzar a aduana com coisas comestíveis como frutas, carne etc... informe-se bem. Nossos salames foram confiscados. Na verdade, confiscaram nossos salames, mas permitiram passar o queijo. E empanadas de carne assada. Ainda não entendi bem qual o critério.

Nos esforçamos para comer todo o salame antes de entregarmos ao guarda. No lugar que mais venta no planeta terra paramos nosso gol para devorar algumas gramas de salame. O resto foi incinerado pela polícia fronteiriça do Chile.

Outra dica: guarde com sua vida e não perca por nada nesse mundo nenhum papelzinho ou canhotinho ou folhetinho que qualquer aduana te der em qualquer fronteira que você passar seja na estrada seja no aeroporto. Se você perder um papelzinho desses, isso pode estragar sua viagem. Além disso, não deixe de parar em todas as fronteiras para pegar todos os carimbos em todos os balcões. Mesmo que a fronteira pareça vazia e abandonada. Se você passar direto, vai ter que voltar.

Outra dica: antes de alugar um carro, avise que você pretende cruzar a fronteira, e certifique-se que os documentos do veículo estejam ok para isso.


OUTRA TERRA DO FOGO - infelizmente

Chegamos em Torres Del Paine no finalzinho da tarde. O camping que eu tinha reservado ficava a nove horas de caminhada de onde estávamos.

Dica: seguinte, Torres Del Paine é um Parque imenso, feito para trekking. Por isso existem muitos refúgios e campings espalhados pelo parque, para quem está fazendo o trekking de vários dias ir se alojando pelo caminho. Por isso, antes de bookar um camping ou refúgio no parque, se informe de onde está localizado e qual a forma de chegar; Essa dica teria sido bastante útil para mim... Como não tinha forma de começarmos uma trilha de nove horas para podermos dormir, fomos tentar a sorte no camping mais próximo.

O Parque Nacional Torres Del Paine é bem estruturado e organizado. Chegamos ao camping e conseguimos alugar barraca lá mesmo. Eles alugam tudo: barraca, sleeping, isolante. E dá pra deixar até reservado.

A notícia triste é que no momento em que chegamos ficamos sabendo que o Parque estava pegando fogo. Pelo que falaram lá na hora, o fogo tinha sido iniciado por um turista idiota (um israelense que foi cagar no meio da trilha e queimou o papel sujo!) Enfim... lá é seco e venta pra caralho, o fogo tomou conta do parque em minutos. O pior é que não faltam, em todos os locais, placas e avisos sobre o perigo de incêndio e sobre a fragilidade daquele meio ambiente. Puta cagada do cara! Literalmente!

Na verdade, depois que voltamos, é que ficamos sabendo o tamanho da tragédia:

. O fogo queimou mais de 7% de todo o parque - 15.000 hectares de bosques, pastos e vegetação nativa

. 6 bombeiros morreram tentando apagar o fogo

. Imagina quanto bicho não morreu também

Enfim, uma merda mesmo.


Mas a gente não sabia de nada disso quando a gente chegou no parque. A gente entrou e foi magnífico, o lugar é mesmo lindo de morrer.

Só na hora de ir embora, dois dias depois, que a gente lembrou da máxima que estava nos acompanhando na viagem - os últimos serão os primeiros - o guarda florestal nos falou que o parque estava fechado (e está até hoje). Ele tinha sido fechado há dois dias, algumas horas depois da gente entrar.

Enfim, sorte nossa de termos conhecido o parque. Mas uma lástima um dos locais mais bem preservados do Chile ser consumido pelo fogo causado pelo turismo.

Eu acredito ferozmente (e estou traçando meu caminho profissional nesse sentido) que quando falamos em sustentabilidade, todas as tentativas feitas até hoje são pura perfumaria (ou marketing). A única coisa que chegou perto do equilíbrio entre economia local e preservação do meio ambiente, até hoje, é o eco turismo. É fazer os bichos e as plantas valerem mais vivos do que mortos. E os parques nacionais da Patagônia me pareceram um exemplo positivo dessa máxima. Espero que eu esteja certa.

até o próximo post

tchau, suerte





26 janeiro, 2012

ROAD TRIP

No dia seguinte, dia 26 de dezembro, para começarmos nossa road trip Patagônica, fomos pegar nosso carro.

A melhor ideia para viajar pela Patagônia é alugar um carro! Você fica livre para explorar todos os lugares, a hora e pelo tempo que quiser. E aquelas estradas são maravilhosas. Mas reserve o carro antes!

Estávamos em alta temporada e eu reservei o carro umas três semanas antes e, mesmo assim, reservei com a terceira agência, duas que entrei em contato antes não tinham mais. Deixar para alugar direto lá não é uma boa ideia.

Reservei com a ServiCar, em El Calafate. Chegamos na locadora pela manhã e fomos apresentados ao que seria nosso mais novo companheiro da viagem: O Tatu Buela.





Tatu Buela foi o apelido que demos ao Gol Prata 1.6 que estava nos esperando na agência. Sim, nós rodamos mais de 3 mil quilômetros pelo deserto patagônico a bordo de um golzinho! E foi incrível.

As três dicas mais importantes pra quem vai entrar no carro e começar a rodar pela Patagônia são:

.Tenha um BOM mapa das estradas.

. Tenha sempre DINHEIRO em espécie, pesos argentinos, dólares e pesos chilenos ( a quantidade de pesos argentinos e chilenos depende se você for ficar mais tempo de um lado ou de outro da fronteira.)

. Sempre encha o tanque em TODOS os postos de gasolina que você encontrar pelo caminho. Nunca se sabe quando vai encontrar outro.

VENTO

Desde criancinha eu sou apaixonada por vento. É meu fenômeno natural preferido. Pode parecer um clichê, mas sentir o vento batendo na gente, é...é!

E na Patagônia venta deliciosamente muito.


A moça da agência do carro nos avisou do vento também. Falou pra termos cuidado.

A gente não levou muito a sério na hora. Só na hora.

Nosso primeiro destino a bordo do Tatu Buela (nosso golzinho) foi o Glaciar Perito Moreno. Passamos no supermercado e compramos baguete, queijo, salame, água e uma cerveja Patagônia Weiss.
Foi o pic nic mais lindo da minha vida. E a Patagônia Weiss foi devidamente gelada na água de degelo do glaciar.

O AZUL

O azul da água da Patagônia é um azul que eu nunca tinha visto antes. Um azul que não existe. Parece que os lagos foram pintados. Tudo lá parece pintado. Na verdade, é na Patagônia que nascem os wallpapers da Microsoft.

VOLTANDO AO VENTO

... foi na primeira parada. Paramos na estrada para tirar umas fotos e, ao abrir a porta, o vento a levou. A porta abriu 360, com toda a força. Só aí que lembramos do conselho da moça da agência. Esse foi o primeiro ferimento do Tatu Buela. Portanto, cuidado, mesmo, com o vento ao abrir a porta.

O vento nas estradas da Patagônia é um caso a parte. Você mal consegue controlar a direção. Mal consegue andar reto. É engraçado, mas tem que tomar cuidado.

As estradas nos dois países, Argentina e Chile, são maravilhosas. O asfalto (na verdade, a maior parte não é asfalto, é cimento), é impecável, não tem um buraco, são bem sinalizadas, etc... mas essas são as estradas principais.

As estradas menores não são asfaltadas. São de rípio, um tipo de pedregulho. O ripio não é lá muito agradável, pois o carro treme horrores e você não consegue passar dos 50, máximo 60 km/h, deixando, obviamente, a viagem mais longa.

Pra andar pela Patagônia você vai cruzar por rípio, necessariamente, muitas vezes, então não deixe de calcular essa travessia.


O TEMPO DO SOL

Se você tá pretendendo ir pra Patagônia no auge do verão, como nós, você vai se deparar com um fenômeno muito legal! O Sol quase não se põe.

Nos dois pólos do planeta, Norte e Sul, é assim. Seis meses o sol não se põe, seis meses ele não nasce at all.

A Patagônia é o extremo mais ao sul, antes do pólo sul. Portanto, só fica de noite de verdade a partir de umas onze e meia. Por isso pode calcular um tempão para seus passeios.

Voltar do Perito Moreno, umas nove horas da noite, com sol na estrada, foi realmente indescritível.

Depois foi ficando natural essa forma nova de medir o tempo. Natural e gostosa. Só tem que ficar ligado, pra não esquecer de dormir.

O SOL DA MEIA NOITE

Essa é a foto do céu um pouco antes da meia noite do dia 31 de dezembro de 2011, em Ushuaia.

Até o próximo post patagônico
Tchau, suerte.





25 janeiro, 2012

VIAGEM AO FIM DO MUNDO

Tudo começou com uma ideia simples. Vamos nessa pontinha?

Essa pontinha é conhecida como o Fim do Mundo. Tierra Del Fuego.

Seria nosso primeiro reveillon junto, como namorados, digo. Os outros passamos como companheiros de “outras viagens” .

Da ideia surgiu outra, vamos chama-los? Lógico.

Bidi e Yumi toparam. Toparam ir praquela pontinha.

E toparam também alugar um carro, e rodar pela Patagônia durante dez dias.

PATAGONIA

Minha ideia sobre viver é ganhar o mundo. E minha forma favorita de ganha-lo é viajando. Viajando sempre. E rodando. Viajo bastante. Inclusive já andei dividindo aqui minhas caminhadas

Vamos então chegar ao Fim do Mundo.

O Roteiro mudou um pouco desde a primeira conversa: O veredito final ficou assim: Pousaremos em El Calafate, Argentina, alugamos um carro e rodamos até Ushuaia. A cidade mais ao Sul do Planeta. E no caminho passaremos por El Chaltén e Torres Del Paine, um Parque Nacional que fica na Patagônia Chilena. Na verdade, atravessar a fronteira Chile-Argentina ia virar rotina, mas ainda não sabíamos disso.

DICAS. PRA QUEM ESTIVER PENSANDO EM IR AO FIM DO MUNDO.

Adoro pesquisar. E foi pesquisando que achei dicas ótimas pela rede. Então, pra outros viajantes-pesquisadores de plantão, aqui vão as minhas dicas de viagem pra Patagônia. Com alguns causos pra temperar.

EL CALAFATE – AS FLORES

A primeira impressão que eu tive de El Calafate é que ela talvez seja a cidade mais florida do mundo. Tem flores por todos os lados, das mais variadas cores e perfumes e tamanhos. Rosas, Alfazemas, Margaridas, Flor de Calafate...

(Calafate é o nome de uma frutinha que existe somente na Patagônia. Vale roubar umas do arbusto)

El Calafate e suas margaridas









Flores de alfazema









Arbusto cheio de calafate













Pousamos em El Calafate no dia 25 de Dezembro de 2011. A região tem clima desértico. Isso significa que é seca, super seca. O céu é limpo, ultra limpo. O sol é forte, mega forte. E venta frio, muito frio. Quem já foi pra regiões de deserto sabe. Eu já sabia, pois já tinha estado no Atacama. O negócio é meio esquizofrênico. Você sai com todas as opções de roupa, uma em cima da outra. Se você fica no sol, em minutos está derretendo, se pisa na sombra, já precisa pôr duas blusas. E se está no sol de camiseta e bate um vento, dá-lhe meter gorro e cachecol. Mas te garanto que essa bipolaridade climática não é nenhum empecilho, muito pelo contrário, é uma delícia essa sensação de sentir de verdade o que um clima extremo pode fazer por você.

A dica é, assim que você pousar no aeroporto de El Calafate, que fica cerca de 20 km da cidade, vá direto ao balcão se informar sobre o ônibus que leva pra cidade. Só sai um, e ele não comporta todos os passageiros do avião, portanto, se lotar, você sobra. É claro que você não vai ficar preso no aeroporto, pois ainda tem a opção de ir de taxi, mas é mais caro.

Em dezembro de 2011 estava 33 pesos a passagem de ônibus e 100 pesos o taxi. Se você estiver em uma ou duas pessoas, o taxi sai bem mais caro. Se você estiver em três ou quatro pessoas, aí já vale mais a pena o taxi.

PARENTESES SOBRE SORTE E AZAR

Numa de nossas reuniões de preparação para a viagem a Yumi falou: Eu não sei por que, mas eu sou muito sortuda em viagens. Eu nunca me organizo, nunca preparo nada, e tudo dá certo pra mim. Questão de sorte, no real significado da palavra – E ela deu três ou quatro exemplos da impressionante (e hoje, depois de testemunha-la, invejável eu diria) sorte dela.

Muitas pessoas acham que sorte e azar são relativos, duas faces da mesma moeda, sorte ou azar, na verdade, dependeriam do ângulo que você olha. Eu adoraria concordar com esse mantra iluminado, mas isso simplesmente não é verdade. Sorte é sorte e azar é azar. Isso eu sei.

Mas o que eu aprendi nessa viagem é que:

1 – Caio e eu estávamos com azar, desde que pousamos no aeroporto de Buenos Aires.

2 – A gente não via a hora da Yumi e sua bunda pra lua chegar e mudar nossa sorte.

3 – Ela chegou e tudo, tudo mudou na hora, e nós passamos a ter os dez dias mais sortudos que eu já presenciei.

Mas eu aprendi outra coisa também, um outro tipo de perspectiva positiva, incrivelmente verdadeira e testada empiricamente: “os últimos serão os primeiros”

OS ULTIMOS SERÃO OS PRIMEIROS ou “se você for o primeiro carro na fila da balsa, é porque você acabou de perder a anterior”

Como eu e o Caio pousamos em El Calafate umas cinco horas antes do Bidi, da Yumi e da maré de sorte dela, eu segui até o balcão do ônibus e a pessoa que estava exatamente na minha frente comprou as duas últimas passagens. Foi assim que eu aprendi que o único ônibus não comporta todos os passageiros do avião, e foi assim que eu aprendi que o taxi, em dois, sai mais caro. Portanto, fica a dica. (corra para pegar o ônibus)

(Depois de algumas horas a Yumi chagou e nos encontrou em El Calafate. Ela chegou contando animadamente que, por sorte (ahh) ela comprou as duas últimas passagens do ônibus (eu imagino o que o espécime atrás dela possa ter sentido). E foi nesse momento que começou nossa história de sorte, e de sermos os últimos.)

De toda forma, Caio e eu pegamos o taxi com um velhinho cujo apelido era Menino (?)

Menino nos contou que nasceu em El Calafate. De fato, seus pais foram praticamente os primeiros habitantes da cidade.

A cidade El Calafate praticamente existe graças ao turismo. Mais ainda, graças ao turismo ao Glaciar Perito Moreno. Segundo Menino, entre o ano de 2002 e 2011 a cidade passou dos 4mil para 20mil habitantes. Um crescimento absurdo de 16 mil habitantes em dez anos!

El Calafate é uma cidade lindinha e, como toda cidade turística, carinha. Suas ruas centrais são tomadas quase que exclusivamente por agências que vendem os passeios. Lojas de chocolate. Restaurantes. Lojas de artigos de trekking.

É uma cidadezinha de fato muito, muito agradável.

POSTA SUR

Em El Calafate ficamos na Hosteria Posta Sur. Guarde esse nome se estiver pensando em ir pra lá. O Posta Sur é fofo. O Rúben, o atendente venezuelano do balcão faz de tudo pra te atender bem. A única coisa que ele não pôde fazer foi driblar o fato de que o Hostel não estava aceitando (“temporariamente”, segundo a placa) nenhum cartão. E isso, numa viagem ao exterior, pode mesmo quebrar as pernas. Por isso, se estiver pensando em bookar o Posta Sur, certifique-se se eles já estejam aceitando cartão.

(Nós bookamos todos os hotéis no booking.com recomendo muito!)

O desayuno (café da manhã) era uma delícia. Mas não tivemos a mesma sorte nas outras hosterias, por isso, certifique-se também do que é servido no desayuno antes de escolher um hostel pra ficar. Geralmente, na Patagônia, o desayuno é composto de café com leite e media luna (que é tipo um croissant doce, uma delícia!!) só. Essa é uma dica pra quem faz questão de um café ultra reforçado, eu por minha bem particular parte, comeria media lunas durante meses a fio, amarradona. É uma iguaria patagônica!

POR FALAR EM SORTE...

O espanhol é uma língua com a qual eu simpatizo muito. E duas coisas sempre me chamam atenção quando viajo pela América do Sul, duas manias linguísticas dos nossos hermanos.

Uma delas, da primeira vez que ouvi, quando fui pro Chile, eu achei meio mal educada. No começo, não tinha sacado. Quando fazemos uma pergunta, cuja resposta é positiva, eles respondem “claro”. - “Claro” - e continuam a falar. Mas sempre tem o “claro” antes. E fica parecendo mal educado porque é como se eles respondessem uma pergunta que você fez com um “óbvio”! Ou “óbvio, seu otário”.

Parece mesmo pelo modo como é dito. É um “claro” seco e firme. Mas não é nada disso. Pra nós, em português, seria algo como o “é isso mesmo”, ou simplesmente “é”.

- “A rua tal é a próxima a esquerda?”. “Claro!” - Como assim “claro” caralho, pra você é claro, pra mim não! - Mas eu saquei que esse claro é mania de linguagem.

- “A rua tal é a próxima a esquerda?”. “É”.

A outra me chamou muito atenção. E é uma preciosidade linguística. Na Patagônia toda, chile e argentina, sempre que nos despedíamos de alguém (do local). A pessoa falava: “tchau, suerte”. Não é demais? “tchau, suerte”! Lindo.

Por isso vou emprestar essa generosidade linguística dos nossos hermanos.

Tchau, suerte!

Até os próximos posts patagônicos