Angústia é
quando uma mão bem pesada esmaga seu peito, bem no meio.
Angústia é
quando tá sol lá fora. E nublado dentro.
Angústia é
quando arroz, feijão, bife e batata frita, não tem gosto de nada.
Angústia é
quando tem uma corda espremendo seu pescoço, e o ar não passa direito.
Angústia é
querer ficar na cama o dia todo. Mas ser ruim estar na cama.
Angústia é
ter que ouvir música, para conseguir andar.
Angústia
não tem cor. Não tem formato. Não tem dono. Não tem motivo. Mas tem peso.
Como ela
não tem dono, é difícil saber quem culpar.
Como ela
não tem nome, é difícil gritar com ela.
Como ela
não tem forma, é difícil empurra-la pra lá.
Como não
tem motivo, às vezes ficamos calados.
Angústia é
quando amanhã dá medo.
Angústia é
quando ontem parece que faz séculos.
Angústia é
quando hoje dói o estômago.
Angústia
não é raiva, nem tristeza, nem fome, nem sono.
Angústia
não tem data. Nem tempo. De vir ou ir.
Angústia dá
calafrio. Dá enjoo. Dá tremedeira.
Angústia
mais te congela que te move.
Mas
angústia não é pânico. Não é covardia. Não é nada.
É nada.
Mas um nada
bem grandão dentro da sua barriga.
Com
angústia tudo parece maior. Mais alto. Mas difícil.
Com
angústia a gente parece menor. Mais frágil. Mais mole.
Mas
angústia é só um nome que deram.
Ela não tem
nome.
E poderia
chamar Eu. Dor. Pedra Grande. Lado Escuro. Monstro.
E como não
conseguimos nomeá-la. Nem dar uma forma. A gente transforma ela em música. Em
quadro. Em cinema. Em livro. Em dança... Aí ela ganha uma cara. E podemos, pelo
menos, conversar com ela.