São tudo
rosas.
A cor das
meninas. E as flores com espinhos. O mundo da fluoxetina. E a essência das
tias. São rosas despedaçadas para os amantes pisarem. E rosas secas para
perfumar lavabos. São rosas as marcas da pancada. E da palmada para educar.
O tapa no
rosto é rosa. E a bochecha maquiada.
É rosa a
pele do branco. E o lábio do negro.
É rosa o
pensamento da criança, antes de ser cinza.
É rosa o
terço da novena. E rosa a esperança de cada oração.
Os dias são
cor-de-rosa pra quem é todo coração.
São tudo nuvens cinzas quando tá nublado.
É cinza a fumaça
feia do ônibus que leva pro trabalho. É cinza a segunda-feira.
São cinzas
os restos do seu avô. E serão os seus, se assim quiser.
É cinza a
camiseta do moleque. E a calça da executiva. É cinza o mundo do pessimista.
São cinzas
do fogo da floresta. E cinza o planeta que espera.
Da bituca
do cigarro ansioso, resta a cinza.
E do
cinzeiro, a ferrugem.
É cinza o
asfalto da estrada, de quem tem pressa.
É cinza o
mesmo asfalto, de quem é só parada.
Ficou cinza
a rosa que você me deu. Pois secou.