28 setembro, 2010

seis meses

Nos últimos seis meses, nasceram 60.480.000 pessoas no mundo. 31.536.000 morreram.

Nos últimos seis meses, foram vendidas 91.800.000 televisões.

Nos últimos seis meses, 2.109.930..196.500 cigarros foram acendidos e fumados.

Mas os meus cigarros dos últimos seis meses foram muito mais especiais.

Nos últimos seis meses, minha vida ficou mais alegre. Mais musical. Mais azul. Mais doce. Mais quente. Mais gostosa.

Cada gole de vinho dos últimos seis meses foi mais saboroso... e as safras nem eram melhores... eram comuns.

Faz seis meses que eu acordei e saí com um beijo de tchau.
Faz seis meses que esse beijo foi só o primeiro...


Faz seis meses, e parece que foi ontem...



Bom, vou fumar um cigarro e já volto.

27 setembro, 2010

branco

Fiquei pensando se não doia menos o olho ler um blog assim
Com fundo branco e letras pretas...

24 setembro, 2010

CARLOS HEITOR CONY - O Livro dos Livros

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Há que reconhecer na vida de cada um de nós um livro que marca o nosso antes e depois.
O livro dos livros
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EMBORA CONTRA a vontade, respondo a um amigo que me pede uma relação de livros que eu gostaria de reler, caso dispusesse de tempo. Em minha resposta, incluiria alguns livros que realmente gostaria de reler -não por serem bons ou necessários, mas apenas por fidelidade pessoal.

Estranharam que eu incluísse Michel Zevaco e Alexandre Dumas, deixando de relacionar Shakespeare, Homero ou Dante. Ora, senhores, livros há que necessariamente obrigam a que se arranje tempo e vontade para a releitura. No caso de Shakespeare, por exemplo, qualquer folga na minha rotina e eu pego o "Otelo".

Por modéstia, não vou dizer aqui os livros que obrigatoriamente leio todos os anos. Posso adiantar alguns, como "Tartarin de Tarascon", "Asia", "Memórias de um Sargento de Milícias", a Constituição do Brasil e o Código Nacional de Trânsito. São leituras pias e úteis, a que me obrigo por dever e gosto, tentativas frustradas de me tornar um bom cidadão. Stendhal lia todas as semanas o Código Civil em busca de um estilo seco, despojado, perfeito.

Mas livros há que gostaria de reler e -infelizmente- já não há tempo nem modo para este tipo de prazer, substituído por outros razoavelmente inconfessáveis. Lembro a emoção com que penetrei no tumultuado mundo de Zevaco, seus Pardaillan, suas Faustas vencidas, o senhor de Buridan, a ponte dos suspiros. Só um imbecil não gostaria de recriar a emoção de ver o Frei Corigan (Coriganus frater) na fogueira. Com Alexandre Dumas a mesma coisa, embora, hierarquicamente, Dumas já pertença a outros quinhentos reais.

Vibrei com os grossos volumes das "Memórias de um Médico". O que sei de Revolução Francesa está mais no Dumas do que nos amargos livros de história com que me aborreceram a adolescência.

Evidente, tais leituras em nada influíram na minha formação e muito menos em minha discutível ambição literária. Li, gostei, esqueci muita coisa -o que foi pena- e de todos esses livros guardo com carinho os bons momentos e os espantos e, sobretudo o gostoso escorrer das horas solitárias e vazias que formaram, em um sentido geral, a minha juventude.

Se alguém me perguntasse pelos livros prediletos, a resposta, como é óbvio, seria outra. Incluiria, como mandam os figurinos literários, os ensaios fecundos, os grandes romances formais, o Gibbons em não sei mais quantos volumes, o Molière, o Racine, o Dante, Montaigne, Flaubert, enfim, os autores sempre citados por todos.

Mas incluiria também o Arquibaldo Botelho Cabral Benjamim Xavier, autor de um alentado opus intitulado "As Asas de Ícaro dos Impostos". Apesar do título, o livro traz o diploma da primeira comunhão do autor e uma foto do batizado de um de seus netos. São 650 páginas e um anexo contendo a relação dos demais livros do Arquibaldo, ao todo, 33 obras sobre direito, religião, geografia, arqueologia, homeopatia, positivismo e xadrez.

Há que reconhecer na vida de cada um de nós um determinado livro que marca o nosso antes e depois. O livro dos livros. Para muitos, a Bíblia, a "Imitação de Cristo", "O Príncipe", "O Contrato Social", sei lá, há livro para tudo. Nesse sentido, há um livro que realmente marcou nossa experiência -ou aventura- através dos anos e dos erros.

Não se trata do famoso livro de cabeceira. Na cabeceira dos grandes homens não há livro algum -e isso não significa que eu seja um grande homem. Donde se conclui que não há livro na cabeceira dos homens pequenos. Na minha, além de um abajur, há um desentupidor nasal para aliviar a rinite crônica que me acompanha desde a minha infância.

Esse livro dos livros -cuja sombra projeta em minha estrada uma curva inesperada e cruel- talvez nem seja livro. É antes um apanhado de histórias que fui copiando de vários livros e lugares. Até anedotas dos antigos almanaques do Capivarol e do Biotônico Fontoura. Mas tem um largo trecho do "Evangelho Segundo Mateus" e um poema de Tennyson. E tem mais: a primeira carta de amor que escrevi, aos dez anos, a uma tal de Helena, que após matrimônio infeliz e infecção no ovário é hoje freira agostiniana e ora por mim.

20 setembro, 2010

cama

Aconteceu que o domingo amanheceu gelado e cinza... mas eu não percebi porque já fazia oito horas que estava desacordada em baixo daqueles cobertores.
Ele me acordou com café quente e perfumado... e aqueles pães deliciosos, feitos na frigideira com manteiga
Mas o que me acordou mesmo foi seu rosto próximo do meu. O cheiro da sua respiração já me é mais característico que o perfume do café preto.

Ele se deitou ao meu lado e o domingo correu assim...

DVD, vinho, cobertor.
Nada poderia me soar mais estranho, e mais íntimo, do que o seu corpo deitado ao meu lado.
Nossos braços já não se distinguiam um do outro, por mais clichê que essa frase possa soar. Mas os braços não sabiam de clichê nenhum, e cismaram em se entrelaçar até virarem um só.

Nossas pernas tampouco conheciam as tendências bregas do romantismo piegas e concordaram em se movimentar da maneira que lhes coube e lhes deu prazer, uma por cima da outra, sem um pingo de resistência, ritmo ou qualquer sincronia boba, encabeçada por sons quaisquer que fossem.
E foram seus olhos penetrando nos meus.
Com aquela urgência devoradora. E, no mesmo grau, com a suavidade de um olhar que fez esse domingo inteiro, e cada cena do DVD e cada gole do vinho, e cada beijo, e cada hora, terem sido um todo de um segundo suspenso no decorrer desse tempo terreno.




Ok, talvez esse tenha sido o post mais brega que essa iniciante bloggeira de intervalos já tenha publicado.

17 setembro, 2010

Sobre preguiça e leituras

...não, não escondo que sou preguiçosa;
sou preguiçosa mas minha preguiça é lúdica e útil. É preguiça de quem gosta de ler e ver

Gosto de ler pra caralho, por isso trabalho o quanto acho que devo e paro mesmo pra ler.

E tenho lido coisas boas demais nessa maquininha chamada Lap Top que me deram aqui no trabalho...
Pelo que me consta, me deram pra trabalhar. Mas nela leio.

E divido com meus, alguns, leitores - que pra levarem esse título devem também gostar de ler durante o expediente...

Seguem as boas leituras da tarde de hoje:

Glorinha

Colica

pe-de-meia

Aproveitem

15 setembro, 2010

Hoje minha amiga / personal trainner falou assim:

"O exercício é um bombom ao contrário"

10 setembro, 2010

As palavras estão rondando a minha cabeça, mas insistem em não se organizarem em frases.

02 setembro, 2010

01 setembro, 2010

lembro que era quinta-feira.

não me lembro direito. Lembro que era quinta-feira. Só

lembro também que ele me disse assim: "poesia se faz com palavras, não com significados."

lembro que pensei que eu sabia disso em algum lugar que eu não sei bem onde. Mas já sabia disso.

o mau é que eu sabia que não sabia fazer poesia. E fiquei com um pouco de inveja dele. Naquele momento fiquei com inveja do saber e da poesia dele.

fiquei com inveja também de outras poesias do mundo. dos eles e elas que sabem fazer doer com palavras.

mas se eu sabia que poesia se faz com palavras, e lágrimas, e suspiros e sorrisos, e lamentos, e percepções. Mas mais com palavras.
Se eu sabia disso, por que fiquei com inveja por ele ter me apontado. E por que, então, eu não sei fazer poesia?