Nao é porque vendia flores que sua vida era poesia
Na dor de segurar, mijou ali mesmo na calçada
Com sua urina mal cheirando o jardim da mansao
Sem querer foi, pela única vez, rebelde.
-----
Faz dez anos que ele perdeu o primeiro dente.
Hoje Eriovaldo tem apenas sete na boca
Mas sente que nao deve ser tão ruim assim ser banguela
Até tiraram foto do sorriso dele
A fotografia preto e branca saiu num livro grande e pesado,
que ele ouviu dizer que vendia numa livraria chic da cidade grande.
-----
Diziam que a obesidade dela era um exemplo do desumano mundo em que vivia.
Seus cento e muitos kilos de pura gordura capitalista, matava de fome outras pessoas em outras cidades.
Ela escutava atenta e nao entendia direito,
Essas outras pessoas estão tristes, ela pensava, e são só crianças
depois devorava comerciais e bolachas recheadas.
E ela só comia pra passar essa dor de viver num mundo tão desumano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário