30 janeiro, 2010

leituras...

Estou no fim do livro do Miguel Souza Tavares.

Foi logo que começou o ano e voltamos ao trabalho. Minha querida amiga, a Carol, disse que tinha um livro que eu iria gostar muito. Ela iria trazer porque eu tinha que ler!

Gosto de prestar atenção nessa troca de energia que existe entre as pessoas (não é ao acaso.)

A Carol trouxe. "No Teu Deserto", de um jornalista portugues, que vinte anos antes atravessara o deserto do Sahara, com um jipe e uma moça que ele conheceu na viagem, uns quinze anos mais nova que ele.

O livro é uma ode ao silêncio. É dele o trecho do post abaixo.

E é dele esse trecho também:

" (...) e eu sentia-me bem assim, protegida pelo som da tua voz, pelo teu relato de florestas distantes e estranhos nomes de peixes e bichos que ali pareciam tão irreais como irreal me parecia toda esta felicidade que não te sei dizer! E só percebi quando a perdi.

A maior parte do tempo, porém, o que nós partilhávamos era o silêncio. E isso eu aprendi contigo, porque não sabia. Para mim, o silencio era sinal de distância, de mal estar, de desentendimento. Ao princípio, quando ficávamos calados muito tempo, eu sentia-me inquieta, desconfortável, e começava a falar só para afastar esse anjo mau que estava a passar entre nós.

Um dia tu disseste-me:

- Claudia, não precisas de falar só porque vamos calados. A coisa mais difícil e mais bonita de partilhar entre duas pessoas é o silencio."


Lendo o livro lembrei de um filme. Talvez um dos mais belos filmes que eu já vi. "Camelos Também Choram".

Lembrei dele pelos camelos, pelo deserto, e pela economia de palavras. Esse filme quase não tem diálogos, praticamente não tem trilha sonora, só o som do vento de areia. O filme é sublime. Assim como é sublime a vida dos nomades do deserto. A comunicação que dispensa quase tudo. Mantem somente o lindo e mágico entendimento entre as pessoas. Sem exageros. Só o essencial.


" (...) - Mas tu não poupas as palavras: tu escreves. Todas as noites gastas uma hora a escrever um diário nesse teu caderno...

- Escrever não é falar.

- Não? Qual é a diferença?

- É exatamente o oposto. Escrever é usar as palavras que se guardaram: se tu falares demais, já não escreves, porque não te resta nada para dizer."

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