14 dezembro, 2009

Acender a Luz

Resolvi acender a luz.

Acendi a luz do meu blog... porque ele estava escuro. Escuro como eu estou.

Não gosto de estar escura. Mas estou. E esse fim de semana foi ainda mais escuro.

Talvez fosse até engraçado se, pra mim, não fosse trágico.


Meu mundo estava escuro já fazia um mês.

Escuro e dolorido... com Mil Lágrimas

Resolvi portanto, imaginei eu inspirada pela letra da Alice Ruiz, me livrar de grande parte do meu cabelo.

Descobri, já no cabeleireiro, que não fui nada original, nem eu nem Alice. Claramente o cabeleireiro quis saber o motivo de tamanha ousadia... livrar-me assim dos meus lindos cachos dourados.

Falei que precisava de uma renovada... pois tinha passado por grande desilusão.

"Um clichê isso. Muitas mulheres vem aqui pelo mesmo motivo".

Não fiquei brava com ele. Bem da verdade, ele tampouco usou a palavra "clichê"... mas deu mesmo a entender que era isso. Fiquei até aliviada... imaginando que minha solução pudesse ter sido quase instintiva.

PARÊNTESES SOBRE OS CACHOS

Tenho cabelos cacheados e compridos há muitos anos. A verdade é que eu nunca gostei realmente do meu cabelo... mas tbm nunca tinha cortado curto. a não ser uma única vez, em Julho de 2008. Porque meu namorado ( na época) gostava de cabelos curtos. Bom... tinha cortado pra ele, não pra mim... Então, de certa forma, essa foi a primeira vez que cortei meus cabelos curtos, por pura ousadia. E melancolia.

Pois bem... voltava pra casa de carro, ouvindo Milágrimas e ansiosa por chegar logo o momento daquele corte começar a ter os efeitos benéficos pretendidos na minha alma.

Como os efeitos não vieram... resolvi tomar uma cerveja... ( a boa e velha)

Chegando em casa... ( Ahhh, a vida e suas metáforas bregas). Estava escuro. Sim! Escuro! Sem luz mesmo. Sem luz na rua toda.

Maquiagem a luz de velas e fui.

Carro na rua, Vila Madalena. "Posso tomar conta dona?"

"Pode"

Duas horas de bar depois... instigada a ouvir um Rock pra continuar a noite mais animada...
Cadê o carro?

Nada do carro nem do Flanelinha.

Menos cabelos... menos um carro. Nenhum drama. Até me lembrar dos CD`s. Estavam todos lá. Milágrimas estava lá!!!

Foi-se o carro com as lembranças... as músicas... as que já me salvaram do afogamento tantas vezes... as que foram trilha sonora de outros afogamentos e de tantas gargalhadas sem motivo aparente.

Algumas dezenas de músicas que não se encontram em loja nenhuma... pelo menos não juntas. Algumas dezenas de músicas gravadas... presentes de tantos amigos.
Amigos que me conhecem mais do que eu... Amigos que me presentearam com letras e melodias escolhidas a dedo pra mim... Todas elas eram presentes... gravados.

Ok... Nada de apego.

PARÊNTESES SOBRE O APEGO

Nunca exerci o desapego. Nunca. Sempre fui apegada, carinhosa e sensível desde que me conheço por gente.

Não ligo. Mesmo. Já tentei ouvir as centenas de conselhos para exercer o desapego... de várias formas.

Não. Não consigo e to bem assim. Me apego mesmo. E sinto cada perda. foda-se. Não sei mudar. E não quero.



Pois bem... Voltava pra casa. E continuava escuro. Dentro e fora de mim. Sem luz ainda.
Ok, melhor pra dormir, não?

No domingo eu percebi que o escuro de até então era apenas penumbra.

No domingo não foi o cabelo, não foi o carro, não foi Milágrimas, não foram as músicas.
No domingo uma parte minha foi arrancada.

Uma parte minha... uma parte da minha vida... a parte pela qual eu continuo apaixonada. a parte que ainda amo. A parte que eu teimo em não ter desapego.

A dor é aguda e não passa.

Vai passar. Eu sei que vai. Mas, como ele bem disse, ficará a cicatriz. Pra sempre. E é ela que não vai parar de doer... eu sei que essa dor se instaurou em mim pra não ter volta. Ela só vai diminuir. Mas vai ficar marcada. A inauguração da dor. A inauguração de menos uma parte.

No domingo a escuridão aumentou. Meus olhos embaçaram. Minha respiração ficou difícil. E eu saquei que, essa luz, não vai acender nunca mais.

Essa escuridão, que é minha e mora dentro de mim, vai me acompanhar...

E porque, hoje, meu mundo tá escuro é que eu resolvi acender o blog.

Blog que desde o início foi escuro.

Vou acender porque, com a nova escuridão, algo em mim se acendeu também. Algo novo. Algo que ainda to tentando entender.

Isso apareceu hoje de manhã. Uma rusga de claridade. Bem pequena. Bem sutil. A claridade do amor que eu decidi não sufocar
(apesar de, e por causa da, bronca que eu levei no telefone. Um não bem grande e forte, um não sem argumentos, um não que me desmoronou... mas acendeu uma luzinha no dia seguinte)

Uma luz minha, vinda de um "não" que não era meu.

Inauguro essa luz hoje, acendendo o blog. E imaginando quanto tempo ela vai durar.

E por quanto tempo ela vai iluminar essa dor. Essa, que é a maior dor do mundo. Não mesmo porque seja uma dor maior do que qq outra. Mas porque é minha.

Minha dor. Minha maior dor de todas. Num fim de dia escuro. Uma dor que espera que o Sol nasça.

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