14 dezembro, 2010
A que ponto chegamos!?!
Além disso, ele se pretendia ser um festival de arte e sustentabilidade... nisso ele poderia até chegar mais perto, porque a tal da sustentabilidade é o respiro do nosso tempo (como as guitarras e o LSD o foram...). A música foi boa. A tentativa foi boa, boas idéias de ações pseudo sustentáveis... Mas o SWU esqueceu de contar uma coisinha, e talvez seja ela que nunca, nunca , nem com dez milhões de arvores plantadas, o permitiria ser o novo Woodstock, ou o respiro rebelde irmão do nosso tempo, o sustentável. Sabe por que? Porque o Festival foi patrocinado. É, meu caro, Patrocinado.
O patrocínio que obrigou os “roqueiros”, os “artistas”, os “ambientalistas” e todos aqueles que se pretendem rebeldes hoje, como o foram os tios de alguns outrora, a beber cerveja Heineken por sete reais o copo. E a comer espetos Mimi.
É... pois ninguém podia entrar no “Festival de Arte e Sustentabilidade” com nada comestível ou bebível que fosse, ou que lhe aprouvesse o paladar rebelde. Não importava o quanto nos deliciássemos com a música de bandas realmente boas, nós devíamos fazer isso consumindo marcas específicas.
O patrocínio penetrou, de maneira implacável e silenciosa, no campo da arte. E isso não pode ficar assim!
Mas o SWU foi o exemplo brando que eu arrumei pra iniciar esse texto, que vai falar de coisa pior. Me acompanhem:
Sábado passado eu fui na Exposição Água, que tá rolando na OCA, lá no Parque do Ibirapuera.
A Oca pretendia, como diz no programa que tá na minha mão, “fazer uma exposição sobre a água é como realizar uma exposição sobre a vida, pois cabe tudo nesse conceito.”
A exposição pretendia abordar água e sua relação com a vida: Nela entrou a ciência, com a parte dos biomas marinhos e belos aquários. Nela entrou história, com a reprodução de diversas embarcações que fizeram o homem vencer o obstáculo água. Nela entrou arte, com obras de artistas diversos, que trabalharam o tema água. Nela entrou cidadania, com a questão das enchentes. Nela entrou, obviamente, ecologia, com a questão do futuro e a finitude da água.
Nela entrou outra coisa – que a Oca deixou entrar.
Havia obras interativas, vídeos, fotos, textos... e entre esses, misturados neles, havia vídeos, fotos e textos... igualmente interativos, igualmente informativos... peraí!
Esses outros estavam em stands PATROCINADOS, no meio da exposição! Como que fazendo parte dela! Um stand da Petrobrás (escute bem) Petrobrás, com vídeos e textos informativos... informativos!?! Um stand do Bradesco, com obras interativas... obras!?!?
Sim, o que entrou na exposição também foram marcas.
A que ponto chegamos!?
O patrocínio entrou (entrou), no último local da arte livre, da rebeldia, da expressão humana desinteressada: o museu! O patrocínio entrou nos museus e se misturou às obras.
Isso não pode ser permitido. Isso é uma afronta. Os textos dos stands patrocinados NÃO são informativos – são propaganda. As obras interativas não são obras – não são nada, são lixo comercial. Isso não pode ser misturado. A gente não pode deixar...
Não sei se todo mundo percebeu, mas o cinema (a sétima arte?), o cinema, tem um filme – o Náufrago – que tem um ator que está tão bem... “um show de interpretação” disseram. “Ele passa o filme contracenando com uma bola, fantástico, foi até indicado ao Oscar...”, o Tom Hanks é mesmo... O Náufrago é um comercial de duas cansativas horas da Fedex. Ah, quer dizer, duas horas e quinze minutos. Um comercialzão. “mas o cenário é tão lindo...”
“Mas a arte não vive sem patrocínio...” É, talvez não viva mesmo. Eu escrevo pra televisão, e não existe nada mais comercial que isso – a televisão passa anúncio, e entre um anúncio e outro, passa um programa pra te distrair – mas TV não é arte. Arte é arte. Informação científica é informação científica. Belo é o Belo. E estética e ética são conceitos caros à nós.
Então patrocínio não pode ser misturado. Apoio é uma coisa – patrocínio dentro de museu misturado às obras é outra muito diferente. E se a gente não prestar atenção na diferença, os vídeos do Bradesco, da Petrobrás, e da Fedex, vão ser as obras que vamos admirar daqui uns anos.
E as informações que a Petrobrás nos passa sobre o Pré sal vão virar textos científicos aceitos.
09 dezembro, 2010
De como embrulhei meu primeiro presente de natal para uma criança
Acho que nunca gostei realmente do Natal depois dessa idade. Lembro de, durante anos seguidos, pedir chocolate de presente de Natal!
Ainda não gosto. um porque sou contra o catolicismo, dois poruque tem um lado meu que abomina o consumismo exacerbado. Alguns de meus amigos dizem que é meu lado hippie, outros, que são provavelmente mais hippies, simplesmente concordam comigo e tecemos longas discussões sobre isso em butecos da cidade, consumindo... cerveja.
Detalhes religiosos ou econômicos a parte, o Natal na minha casa, há tempos, não tem mesmo muita graça. É uma desculpa para parentes que não se vêem o ano todo, se reunirem numa noite, com os cabelos arrumados.
A melhor parte da festa, pra mim, é o pro secco, as farofas e o Perú. Mesmo assim, ainda me deprimo um pouco com a imagem do cadáver do peru na mesa... (meu lado hippie de novo)
O Natal desse ano, que teria tudo pra ser igual, vai ser um pouco mais triste. A falta que meu avô faz vai estar presente, pois era sempre ao lado dele que eu passava grande parte da noite, ouvindo as animadas histórias que ele tinha pra contar.
Mas o Natal está aí, não é mesmo? Presente (desculpe o trocadilho) nas ruas, nas incontáveis guirlandas e luzinhas, nos enfeites horrorosos de shoppings, e nos pouquíssimos criativos comerciais de televisão especiais para a data. E isso enche os olhos da gente, da gente que gosta de presente, de surpresa e, principalmente, de esperança (eita palavrinha!). Mais ainda das crianças, as que sabem que vão acordar com a árvore cheia de presentes, como eu, vinte anos atrás... e enche os olhos também das outras crianças, as que não vão acordar com presentes embaixo da árvore, mas que assistem, como as primeiras, ao mesmo desfile de enfeites nas ruas e propagandas na televisão.
Pois se o Natal é indiferente pra mim... (menos por causa do trânsito surreal que espalha pela cidade), não é pra elas. E foi por isso que eu fui até o Correio, semana passada.
Fiquei sabendo por um amigo meu desse projeto. Você vai lá, lê as cartinhas que as crianças escreveram pro Papai Noel, escolhe uma ou mais, e leva o presente, para que o Correio entregue pro dono da carta.
Pois eu fiz isso. E, vou confessar que me surpreendi um pouco com os tipos dos pedidos das crianças. Os habituais bicicleta e patins, povoaram cerca de 70 por cento das cartas, me deparei com inúmeros pedidos de lap tops – devo estar mesmo com os primeiros sinais da idade por me surpreender com crianças de oito anos pedido lap tops – a maioria era do lap top do Ben 10 ( o que só veio confirmar a minha observação sobre o poder mítico que o consumismo imposto pela televisão que povoa a mente dessas crianças, que assistem diariamente a um desfile de marcas e produtos que trazem “felicidade instantânea”, e que nunca poderão ter)
Eis que encontro as minhas cartinhas, as duas com as quais me identifiquei, me emocionei. Uma menininha de oito anos que quer um fogaozinho para cozinhar para suas bonecas. E uma avó, que escreve pedindo uma bola de futebol, que ela quer muito poder dar de presente ao neto de nove anos.
Percebam, leitores, que não é preciso ser nenhum Freud para sacar porque me emocionei com a cartinha escrita pela avó...
Hoje foi uma tarde que estive especialmente magoada. Especialmente descrente. Especialmente sensível.
Uma tarde vagarosa...
Nessa tarde terminei de ler Quincas Borba e fechei o livro na palavra fim – finais de livro me entristecem de uma forma toda especial – finais de livro do Machado de Assis são, ainda mais, especialmente tristes. Os fins do machado são geniais. Geniais porque são incrivelmente realistas. Porque são incrivelmente desenperançosos. Porque são tristes e simples. (porque insisto em terminar livros em tardes melancólicas em que já estou abalada?)
E foi assim, numa tarde vagarosa e triste, que eu peguei o papel craft (os Correios falaram que tinha que ser papel craft) e pela primeira vez na vida eu sentei no chão, com papel de embrulho, durex, e brinquedos cuidadosamente escolhidos por mim, e embrulhei presentes de natal para duas crianças!
Talvez porque tarefas manuais relaxem. Talvez porque embrulhos pra mim sejam complicados de fazer e isso me centrou. Talvez porque eu tenha criado na minha imaginação toda a cena daquela menininha cozinhando e daquele garotinho fazendo embaixadinhas, com coisas simples que correm muito longe de idéias de Bens 10, Guirlandas de Shoppings e luzinhas de Natal das mansões do Morumbi. Ou talvez porque é a mais absoluta verdade o fato de que, quando tentamos fazer algo bom pra alguém, a alma que mais sai ganhando, de longe, é a nossa...
Talvez por tudo isso junto, misturado com o desastroso resultado dos embrulhos, o que resultou em risinhos internos... A minha primeira experiência em embrulhar um presente de natal para uma criança nem por um segundo me devolveu a fé na humanidade e na bondade dos homens, mas foi uma das coisas mais deliciosas que eu fiz nessa última semana. E me inspirou de verdade.
E a tarde deu até uma iluminada (nossa, que breguice, preciso tomar cuidado com espírito do cafona, muito presente nessa época do ano)
P S – Só espero que a avó desse menino pegue o embrulho nos Correios, e reembrulhe o presente, porque senão o garoto vai perder toda a fé no Papai Noel, achando que o bom velhinho pôde ter feito aquele embrulho horrendo.
P S 2 – aviso importante, esse texto não é uma propaganda mal paga das Agências dos Correios.
06 dezembro, 2010
Pornopopéia again
27 novembro, 2010
Conversas Alheias 2
11 novembro, 2010
diálogos que não escutamos
pessoa 1 - Bom dia
pessoa 2 - Bom dia
pessoa 1 - humm, ta de bom humor hoje?
pessoa 2 - To, fiz um sexo delicioso hoje de manhã... não tem como eu não estar de bom humor!
pessoa 1 - que legal, bom, até mais.
pessoa 2 - até mais.
09 novembro, 2010
05 novembro, 2010
29 outubro, 2010
Best Sellers
Cópias vendidas
1. A Bíblia 6 bilhões
2. O Livro Vermelho - Mao Zedong 900 milhões
3. O Alcorão (The Qur'an) 800 milhões
4. Xinhua Zidian (dicionário chinês) 400 milhões
5. O Livro de Mórmon - Joseph Smith Jr. 120 milhões
6. Harry Potter e a Pedra Filosofal - J. K. Rowling 107 milhões
7. E Não Sobrou Nenhum - Agatha Christie 100 milhões
8. O Senhor dos Anéis - J.R.R. Tolkien 100 milhões
9. Harry Potter e o Enigma do Príncipe - J. K. Rowling 65 milhões
10. O Código Da Vinci - Dan Brown 65 milhões
11. Harry Potter e a Câmara Secreta - J. K. Rowling 60 milhões
12. O Apanhador no Campo de Centeio - J. D. Salinger 60 milhões
13. Harry Potter e o Cálice de Fogo - J. K. Rowling 55 milhões
14. Harry Potter e a Ordem da Fênix - J. K. Rowling 55 milhões
15. Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban - J. K. Rowling 55 milhões
16. Ben Hur: Uma Narrativa de Cristo - Lew Wallace 50 milhões
17. Heidi's Years of Wandering and Learning - Johanna Spyri 50 milhões
18. O Alquimista (The Alchemist) - Paulo Coelho 50 milhões
Tirei daqui
13 outubro, 2010
28 setembro, 2010
seis meses
Nos últimos seis meses, foram vendidas 91.800.000 televisões.
Nos últimos seis meses, 2.109.930..196.500 cigarros foram acendidos e fumados.
Mas os meus cigarros dos últimos seis meses foram muito mais especiais.
Nos últimos seis meses, minha vida ficou mais alegre. Mais musical. Mais azul. Mais doce. Mais quente. Mais gostosa.
Cada gole de vinho dos últimos seis meses foi mais saboroso... e as safras nem eram melhores... eram comuns.
Faz seis meses que eu acordei e saí com um beijo de tchau.
Faz seis meses que esse beijo foi só o primeiro...
Faz seis meses, e parece que foi ontem...
Bom, vou fumar um cigarro e já volto.
27 setembro, 2010
branco
Com fundo branco e letras pretas...
24 setembro, 2010
CARLOS HEITOR CONY - O Livro dos Livros
Há que reconhecer na vida de cada um de nós um livro que marca o nosso antes e depois.
O livro dos livros
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EMBORA CONTRA a vontade, respondo a um amigo que me pede uma relação de livros que eu gostaria de reler, caso dispusesse de tempo. Em minha resposta, incluiria alguns livros que realmente gostaria de reler -não por serem bons ou necessários, mas apenas por fidelidade pessoal.
Estranharam que eu incluísse Michel Zevaco e Alexandre Dumas, deixando de relacionar Shakespeare, Homero ou Dante. Ora, senhores, livros há que necessariamente obrigam a que se arranje tempo e vontade para a releitura. No caso de Shakespeare, por exemplo, qualquer folga na minha rotina e eu pego o "Otelo".
Por modéstia, não vou dizer aqui os livros que obrigatoriamente leio todos os anos. Posso adiantar alguns, como "Tartarin de Tarascon", "Asia", "Memórias de um Sargento de Milícias", a Constituição do Brasil e o Código Nacional de Trânsito. São leituras pias e úteis, a que me obrigo por dever e gosto, tentativas frustradas de me tornar um bom cidadão. Stendhal lia todas as semanas o Código Civil em busca de um estilo seco, despojado, perfeito.
Mas livros há que gostaria de reler e -infelizmente- já não há tempo nem modo para este tipo de prazer, substituído por outros razoavelmente inconfessáveis. Lembro a emoção com que penetrei no tumultuado mundo de Zevaco, seus Pardaillan, suas Faustas vencidas, o senhor de Buridan, a ponte dos suspiros. Só um imbecil não gostaria de recriar a emoção de ver o Frei Corigan (Coriganus frater) na fogueira. Com Alexandre Dumas a mesma coisa, embora, hierarquicamente, Dumas já pertença a outros quinhentos reais.
Vibrei com os grossos volumes das "Memórias de um Médico". O que sei de Revolução Francesa está mais no Dumas do que nos amargos livros de história com que me aborreceram a adolescência.
Evidente, tais leituras em nada influíram na minha formação e muito menos em minha discutível ambição literária. Li, gostei, esqueci muita coisa -o que foi pena- e de todos esses livros guardo com carinho os bons momentos e os espantos e, sobretudo o gostoso escorrer das horas solitárias e vazias que formaram, em um sentido geral, a minha juventude.
Se alguém me perguntasse pelos livros prediletos, a resposta, como é óbvio, seria outra. Incluiria, como mandam os figurinos literários, os ensaios fecundos, os grandes romances formais, o Gibbons em não sei mais quantos volumes, o Molière, o Racine, o Dante, Montaigne, Flaubert, enfim, os autores sempre citados por todos.
Mas incluiria também o Arquibaldo Botelho Cabral Benjamim Xavier, autor de um alentado opus intitulado "As Asas de Ícaro dos Impostos". Apesar do título, o livro traz o diploma da primeira comunhão do autor e uma foto do batizado de um de seus netos. São 650 páginas e um anexo contendo a relação dos demais livros do Arquibaldo, ao todo, 33 obras sobre direito, religião, geografia, arqueologia, homeopatia, positivismo e xadrez.
Há que reconhecer na vida de cada um de nós um determinado livro que marca o nosso antes e depois. O livro dos livros. Para muitos, a Bíblia, a "Imitação de Cristo", "O Príncipe", "O Contrato Social", sei lá, há livro para tudo. Nesse sentido, há um livro que realmente marcou nossa experiência -ou aventura- através dos anos e dos erros.
Não se trata do famoso livro de cabeceira. Na cabeceira dos grandes homens não há livro algum -e isso não significa que eu seja um grande homem. Donde se conclui que não há livro na cabeceira dos homens pequenos. Na minha, além de um abajur, há um desentupidor nasal para aliviar a rinite crônica que me acompanha desde a minha infância.
Esse livro dos livros -cuja sombra projeta em minha estrada uma curva inesperada e cruel- talvez nem seja livro. É antes um apanhado de histórias que fui copiando de vários livros e lugares. Até anedotas dos antigos almanaques do Capivarol e do Biotônico Fontoura. Mas tem um largo trecho do "Evangelho Segundo Mateus" e um poema de Tennyson. E tem mais: a primeira carta de amor que escrevi, aos dez anos, a uma tal de Helena, que após matrimônio infeliz e infecção no ovário é hoje freira agostiniana e ora por mim.
20 setembro, 2010
cama
Ele me acordou com café quente e perfumado... e aqueles pães deliciosos, feitos na frigideira com manteiga
Mas o que me acordou mesmo foi seu rosto próximo do meu. O cheiro da sua respiração já me é mais característico que o perfume do café preto.
Ele se deitou ao meu lado e o domingo correu assim...
DVD, vinho, cobertor.
Nada poderia me soar mais estranho, e mais íntimo, do que o seu corpo deitado ao meu lado.
Nossos braços já não se distinguiam um do outro, por mais clichê que essa frase possa soar. Mas os braços não sabiam de clichê nenhum, e cismaram em se entrelaçar até virarem um só.
Nossas pernas tampouco conheciam as tendências bregas do romantismo piegas e concordaram em se movimentar da maneira que lhes coube e lhes deu prazer, uma por cima da outra, sem um pingo de resistência, ritmo ou qualquer sincronia boba, encabeçada por sons quaisquer que fossem.
E foram seus olhos penetrando nos meus.
Com aquela urgência devoradora. E, no mesmo grau, com a suavidade de um olhar que fez esse domingo inteiro, e cada cena do DVD e cada gole do vinho, e cada beijo, e cada hora, terem sido um todo de um segundo suspenso no decorrer desse tempo terreno.
Ok, talvez esse tenha sido o post mais brega que essa iniciante bloggeira de intervalos já tenha publicado.
17 setembro, 2010
Sobre preguiça e leituras
sou preguiçosa mas minha preguiça é lúdica e útil. É preguiça de quem gosta de ler e ver
Gosto de ler pra caralho, por isso trabalho o quanto acho que devo e paro mesmo pra ler.
E tenho lido coisas boas demais nessa maquininha chamada Lap Top que me deram aqui no trabalho...
Pelo que me consta, me deram pra trabalhar. Mas nela leio.
E divido com meus, alguns, leitores - que pra levarem esse título devem também gostar de ler durante o expediente...
Seguem as boas leituras da tarde de hoje:
Glorinha
Colica
pe-de-meia
Aproveitem
15 setembro, 2010
10 setembro, 2010
02 setembro, 2010
01 setembro, 2010
lembro que era quinta-feira.
lembro também que ele me disse assim: "poesia se faz com palavras, não com significados."
lembro que pensei que eu sabia disso em algum lugar que eu não sei bem onde. Mas já sabia disso.
o mau é que eu sabia que não sabia fazer poesia. E fiquei com um pouco de inveja dele. Naquele momento fiquei com inveja do saber e da poesia dele.
fiquei com inveja também de outras poesias do mundo. dos eles e elas que sabem fazer doer com palavras.
mas se eu sabia que poesia se faz com palavras, e lágrimas, e suspiros e sorrisos, e lamentos, e percepções. Mas mais com palavras.
Se eu sabia disso, por que fiquei com inveja por ele ter me apontado. E por que, então, eu não sei fazer poesia?
23 agosto, 2010
Homenagem ao meu avô
Sabia, é verdade, pois ele já tinha 93, e a gente nasce mesmo com prazo de validade.
Mas não imaginava. Não imaginava conseguir viver sem a presença dele.
E sempre me doía só de pensar no dia que ele partisse...
E ele partiu. Foi embora do mundo que ele tanto adorava. Do mundo que ele soube aproveitar como poucos.
Meu avô é O cara da minha vida.
Não digo que é o pai que eu não tive, porque eu tenho um pai. Mas ele foi o meu pai DE VERDADE.
E ele me ensinou muito, muito mesmo. E mesmo nos últimos suspiros. No seu leito de morte. continuou me ensinando. Ensinando sobre o adeus.
Eu vi a vida saindo do corpo dele, devagarinho. doída. E isso me doeu e me ensinou sobre a morte.
E abraçar seu corpo, que era só um corpo porque ele já não tava mais lá, me ensinou de entender. Entender o incompreensível.
Daí eu fiquei com vontade de escrever aqui umas coisas que ele gostava de escrever. Porque ele não gostava de escrever. Meu avô gostava mesmo de lhar o céu. Ler sobre ciência. Então ele não era poeta, nem nada disso.
Mas quando ele falava das estrelas, e dos bichos, e das plantas, e de como funciona nosso corpo por dentro... ele fazia poesia pra mim. Fazia sim.
E uma vez ele me deu um papelzinho com umas frases escritas e pediu pra eu guardar. Não sei por que ele fez isso.
E outro dia também ele me deu outro papelzinho. E pediu pra eu guardar também. Não sei porque mesmo ele queria que eu guardasse esses papelzinhos...
Não sei se ele sabia tudo o que eu ia guardar dele, pra sempre. Não sei se eu contei pra ele. Não sei se contei de tudo que ele me deixou, e que sou eu mesma em parte.
Não sei se contei pra ele, mas agora, que ele se foi, sei que não me arrependo. Passei com ele todos os bons momentos, fiquei com ele sempre, e quase todos os dias. Não me arrependo e fico feliz de não me arrepender. Curti ele o quanto pude.
E ele me pediu pra guardar esse papelzinho, e eu não sei por que, até porque não tem nada demais escrito nele. São só umas frasesinhas...bem a cara dele. o título é Pensamentos
"A energia é a matéria em estado instável"
"A matéria é a energia em estado estável"
"O pensamento não é mais que uma forma de energia biológica"
"A morte não é mais que a perda de adaptação ao meio ambiente, adquirida atravez de milhões de anos."
"A mulher é qualquer coisa de eternamente variável."
"A paz é um desejo, a guerra uma realidade."
Lendo eu acho engraçado.
Ele sabia que a morte não era nada mais do que o corpo desligando. Ele sabia biologia demais pra imaginar outra coisa qualquer.
Fico com o peito apertado de pensar nisso, porque acho que ele deve ter sentido mais medo quando se viu próximo dela.
Mas ele era curioso também... talvez, por um momento, tenha imaginado que finalmente ia ver as estrelas mais de perto.
18 agosto, 2010
17 agosto, 2010
cobertor
Mas tem o cobertor, e tem suas pernas trançadas na minha, e tem suas costas, e tem seu cheiro...
E tem também pedaços de medo, de dor, de ansiedade, de angústia...
Mas tem suas mãos, e tem o travesseiro, e tem o vento gelado lá fora e o beijo quente aqui dentro.
"Mais cinco minutinhos?"
16 agosto, 2010
segundos
O exato momento em que seu corpo, sua mente, seus olhos param e ficam em suspensão. O momento exato que você pára de escutar, fica cego de tudo que está ao redor?
Os dias pareceriam confusos, se eles não estivessem claros e límpidos na minha memória.
não, não são bem os dias. são os segundos. É. são os segundos que estão claros. fecho os olhos e reconheço os segundos.
os segundos e os gestos nos segundos. os segundos e os olhares nos segundos. os segundos e cada pulsação nos segundos. os segundos e cada arrepio.
O toque que cortou a respiração.O som da voz. O sorriso. E o olhar definitivo. aquele olhar que não se tem mais volta.
Sim. Eu sei. Sabia, soube e sei. Soube e senti. Sei e recordo.
Mas se assim for, é possível nos apaixonarmos novamente pela mesma pessoa por quem somos apaixonados?
É possível de novo a suspensão? é possível perder de novo a respiração? sair de onde estamos? deixar de perceber a nossa volta?
E é possível novamente sentir o silêncio do momento? Sentir o segundo? O segundo do silêncio?
O segundo do aperto. O momento exato do arrepio, do pânico, e perceber esse momento claro e límpido?
12 agosto, 2010
culpa
coloquei a soneca para quinze minutos. 09:15h, para quinze minutos mais. 09:30h. e para quinze minutos mais. 09:45h
Aí eu entrei em um banho quente às dezprasdez da manha e por lá fiquei, deixando a água escorrer...
Aí eu tomei café preto daqueles muito cheirosos e comi mel. adoro mel.
Cheguei ao trabalho às onze da manhã e resolvi confessar a minha pontada de culpa.
Por que foi mesmo que chegamos nessa culpa?
11 agosto, 2010
sonhos sonhados e uma noite em claro
Não é doença de doença... é doença da vida indo embora. Aos pouquinhos...
Justo ele. Que me ensinou a viver.
Justo ele. Que me ensinou a gostar de tudo o mais que fosse vivo.
De formigas a cerejas... de laranjais a bezerros.
Justo ele. Que tinha tanta vida.
E sempre ganhava de mim no jogo de volei, mesmo com os 65 anos de diferença.
Ele tá no hospital. E tá triste.
Tá triste porque não quer deixar esse mundo, tanto quanto eu não quero que ele me deixe.
E é injusto alguém ter que deixar esse mundo sem querer. Não é?
Ou será que a validade vem impressa na gente... e todo mundo sabe muito bem até quando ela vai. Não adianta reclamar...
Sonhei com ele noite passada. Sonhei que jogávamos volei. Eu ele e minha avó;
A gente dava risada como antigamente.
Mas de repente ele se sentia mal. Aí eu ia pra perto dele e dizia que não era nada... ele ria, levantava e dava outro saque.
De vez em vez jogava um beijo pra minha avó... tipo namoradinho.
O sonho me perturbou muito.
Perturbou pela saudade. Perturbou porque eu sei que, por ele, ele jogava mais tantas partidas de volei.
E aí que tenho insônia.
Eu sei... mas acho que vai passar dia desses. Só ainda não sei como.
E tudo se misturou na minha cabeça que agora anda perturbada nem sei por que...
e essa noite vi o dia amanhecer de olhos abertos.
Fui ver um filme ontem.
A Origem,
Achei muito bom. Filme de ação complexo. cheio de referências...
O filme se passa dentro dos sonhos... dentro da cabeça de quem dorme, enquanto dorme.
Adoro sonhar. E sonho deliciosamente muito. Sonho em cores, com trilha sonora, e montagem onírica como convém.
Mas a insônia me priva de sonhar mais... e ela tá me perturbando agora talvez mais que antes. Só porque, justamente, tempos atrás eu achei que ela tinha cessado.
A questão é que saí meio zonza do filme.
Talvez por motivo nenhum, talvez pelo motivo em si.
E não dormi.
E passar o dia acordada depois de uma noite fritando deixa a gente com a percepção alterada. Sensível demais. Medrosa demais. Com fome demais. Distraída demais. Introspectiva demais.
Talvez bons atributos para quem queira dirigir um bom filme ou escrever um post.
Talvez não.
05 agosto, 2010
30 julho, 2010
tudo
Confundo o mundo também. Ou ele me confunde... já nem sei.
Vou parar de querer tudo e ficar quieta.
27 julho, 2010
Mariazinha
Todo mundo dizia:
"A Mariazinha é boazinha, mas ela é tão feinha..."
Aí a Mariazinha cresceu
Ficou alta, comprou um carro, alugou um ap.
E todo mundo dizia:
"A Maria é gente boa. Mas ela é tão feinha..."
26 julho, 2010
Gato Magro
Ele era magro mas não era pálido
Ele se esgueirava pelos muros
Se escondia nos arbustos
Uma vez ele pulou da janela e
Pluft
Se esborrachou
Coitado do gato pintado.
22 julho, 2010
Carne na Amazonia
São Paulo, 20 de julho de 2010 – Os três maiores frigoríficos do Brasil – JBS/Bertin, Marfrig e Minerva – anunciaram na última semana que deixaram de comprar gado de 221 fazendas localizadas dentro de terras indígenas, unidades de conservação ou próximas a áreas recém-desmatadas na Amazônia. Outras 1.787 propriedades, num raio de até 10 quilômetros de novos desmatamentos, unidades de conservação e terras indígenas, passam por averiguação. As empresas declararam também ter o ponto georreferenciado de mais de 12.500 fazendas, número que, segundo elas, representa 100% da cadeia de fornecedores diretos da região.
“A apresentação desses números é uma clara e bem-vinda sinalização de que o setor está de olho nas novas exigências do consumidor preocupado com o meio ambiente em todo o mundo. As empresas precisam agora ampliar e consolidar esse trabalho, realizando auditorias nos processos, garantindo transparência e confiabilidade aos dados e convencendo seus fornecedores a disponibilizarem mapas com os limites georreferenciados das propriedades” , afirma Paulo Adario, diretor da campanha da Amazônia do Greenpeace.
Detalhes sobre os dados, como a localização das fazendas excluídas e suspensas e os procedimentos adotados encontram-se à disposição nas empresas.
Os resultados entregues, nove meses após a assinatura de acordo entre os frigoríficos e o Greenpeace (assinado em outubro do ano passado), correspondem à primeira etapa do compromisso assumido pelas empresas-líderes do setor da pecuária com desmatamento zero na Amazônia: cadastrar e mapear todas as fazendas de seus fornecedores diretos, para não comprarem mais gado proveniente de áreas recém-desmatadas na região, de terras indígenas e áreas protegidas
O monitoramento dessa cadeia produtiva é essencial para que clientes e consumidores de produtos bovinos não contribuam indiretamente para a destruição da maior floresta tropical do mundo. No entanto, para que esse processo ocorra de forma eficaz e transparente, é indispensável a realização do Cadastro Ambiental Rural (CAR) das propriedades, ferramenta que possibilita monitorar por satélite e identificar com segurança todos os fornecedores – tanto os que produzem sem desmatar quanto os que desmataram a floresta após outubro de 2009.
No Mato Grosso, detentor do maior rebanho do país, menos de 5% das fazendas estão cadastrados no sistema de licenciamento ambiental do governo do estado. A exigência do cadastro é lei e tem prazo para ser cumprida: novembro deste ano. No Pará, o número de fazendas registradas junto ao CAR – Cadastro Ambiental Rural – saltou, em menos de um ano, de cerca de 300 para 19 mil propriedades inscritas, devido às pressões exercidas por consumidores e pela atuação do Ministério Público Federal, que moveu ações obrigando parte da cadeia a realizar o cadastramento. Porém, esse número ainda representa apenas 9% do total de propriedades do Estado.
“As pressões dos frigoríficos são fundamentais para promover o cadastramento das fazendas nos Estados. Também vamos cobrar daqueles que ainda não assumiram nenhum compromisso com a floresta. Os consumidores precisam saber quem ainda não está se mexendo para tirar o desmatamento de seu negócio”, afirma Adário.
Os três frigoríficos responderam, em 2009, por 36% do abate feito na Amazônia Legal. O restante vem de pequenos, médios e grandes frigoríficos que até agora não assumiram compromisso com o desmatamento zero e vendem seus produtos para os consumidores, por meio de supermercados que ainda não limparam suas prateleiras de passivos ambientais e sociais.
21 julho, 2010
Engraçado isso
To exausta. Completamente exausta de não sei o que
Tive uma crise de choro no banheiro e não sei por que
Você já se sentiu assim?
Não é TPM. Não é dor de motivo. Não é fome que nem criança.
É vontade de não estar em lugar nenhum. De não falar com ninguém. De sumir por horas.
De dormir por semanas. Sem acordar nem pra fazer xixi.
Vontade de tomar água até se afogar. Ou de ficar dentro d´água até ela me afogar
É vontade de nada
De absolutamente nada.
De ser nada e não ter nada e não fazer nada e não falar nada e não ter que ser nada de ninguém e nada de mim mesma.
Nada.
Nem sei por que acho engraçado isso.
14 julho, 2010
Declaração
Mudar o mundo, maravilhar as pessoas
Ser uma grande escritora
A melhor roteirista
A mulher admirada
Premiada
Mas eu venho me frustrando porque eu ainda não consegui todas essas coisas, antes dos trinta.
Nada disso.
Nem perto disso?
E frustrada fiquei me perguntando o que vinha me impedindo. Por que não consigo
O que me atrapalha
E, admirada, descobri:
O que vem me atrapalhando é a vida.
É a preguiça que eu sinto no domingo de manhã, e quero me espreguiçar mais um pouco, e ler um livro deitada na rede.
É a saudades que eu sinto dos amigos queridos, e quero esticar com eles uma saideira, falar de uma teoria nova sobre o nada, e dar mais meia dúzia de gargalhadas.
É a gula de sábado a tarde assaltar a geladeira da avó. Roubar aquele pedaço de bolo quentinho, que ela vai servir pra visita. E quando meu avô conta em segredo que tem sorvete no freezer, e que fica bom misturar.
É a vaidade de querer acordar cedo pra ver se corro um pouquinho mais longe. De sair do banho quentinho e passar o creminho novo e cheiroso que combina com a água de colônia que eu comprei ontem.
E é também o medo de não ser perfeita, que faz eu preferir deixar pra mais tarde... porque agora é hora de fumar um cigarro e tomar um cafezinho.
E é, e vou fazer agora uma declaração daquelas que o Pessoa diz que são ridículas.
É porque quero ver aquele sorriso e aqueles olhos, que me fazem querer correr pra chegar mais rápido do que se estivesse indo receber um prêmio.
É porque eu quero ficar mais um tempo embaixo do cobertor, agarrada a ele, do que chegar mais cedo pra rever aquela edição.
É porque a gente ficou dando risada junto, e eu acabei esquecendo o que eu ia escrever sobre aquela ideia que eu tinha tido.
É porque eu acabo filosofando muito mais sobre a vida quando eu a assisto de fora
Mas eu me divirto muito mais quando sou sua protagonista. E isso tá prejudicando o grande sucesso que eu ainda não tive.
13 julho, 2010
um textinho da Adriana Falcão...
O DOIDO DA GARRAFA
Adriana Falcão
Ele não era mais doido do que as outras pessoas do mundo, mas as outras pessoas do mundo insistiam em dizer que ele era doido.
Depois que se apaixonou por uma garrafa de plástico de se carregar na bicicleta e passou a andar sempre com ela pendurada na cintura, virou o Doido da Garrafa.
O Doido da Garrafa fazia passarinhos de papel como ninguém, mas era especialista mesmo em construir barquinhos com palitos. Batizava cada barco com um nome de mulher e, enquanto estava trabalhando nele, morria de amores pela dona imaginária do nome. Depois ia esquecendo uma por uma, todas elas, com exceção de Olívia, uma nau antiga que levou dezessete dias para ser construída.
Batucava muito bem e vivia inventando, de improviso, músicas especialmente compostas para toda e qualquer finalidade, nos mais variados gêneros. Uai aí aquela da mulher de blusa verde atravessando a rua apressada, e o Doido da Garrafa imediatamente compunha um samba, uma valsa, um rock, um rap, um blues, dependendo da mulher de blusa verde, do atravessando, da rua e do apressada. Geralmente ficava uma obra-prima.
Gostava muito de observar as pessoas na rua, do cheiro de café, de cantar e de ouvir música. Não gostava muito do fato de ter pernas, mas acabou se acostumando com elas. De cabelo ele gostava. Em compensação, tinha verdadeiro horror a multidão, bermudão, tubarão, ladrão, camburão, bajulação, afetação, dança de salão, falta de educação e à palavra bife.
Escrevia cartas para ninguém, umas em prosa, outras em poesia, como mero exercício de estilo.
Tinha mania de dar entrevistas para o vento e já sabia a resposta de qualquer pergunta que porventura alguém pudesse lhe fazer um dia.
Ajudava o dicionário a explicar as coisas inventando palavras necessárias, como dorinfinita.
Adorava álgebra, mas tinha particular antipatia por trigonometria, pois não encontrava nenhum motivo para se pegar pedaços de triângulos e fazer contas tão difíceis com eles.
Conhecia mitologia a fundo.
Tinha angústia matinal, uma depressão no meio da tarde que ele chamava de cinco horas, porque era a hora que ela aparecia, e uma insônia crônica a quem chamava carinhosamente de Proserpina.
Sentia uma paixão azul dentro do peito, desde criança, sempre que olhava o mar e orgulhava-se muito disso.
Acreditava no amor, mas tinha vergonha da frase.
Às vezes falava sozinho, Preferia tristeza à agonia.
Todas as noites, entre oito e dez e meia, era visto andando de um lado para o outro da rua, método que tinha inventado para acabar de vez com a preocupação de fazer a volta de repente, quando achava que já tinha andado o suficiente. (Preferia que ninguém percebesse que ele não tinha para onde ir.) Enquanto andava, repetia dentro da cabeÇa incessantemente a palavra ecumênico sem ter a menor idéia da razão pela qual fazia isso.
Durante o dia o Doido da Garrafa trabalhava numa multinacional, era sujeito bem visto, supervisor de departamento, ganhava um bom salário e gratificações que entregava para a mulher aplicar em fundos de investimento.
No fim do ano ia trocar de carro.
Era excelente chefe de família.
Não era mais doido do que as outras pessoas do mundo, mas sempre que ele passava as outras pessoas do mundo pensavam, lá vai o Doido da Garrafa, e assim se esqueciam das suas próprias garrafas um pouquinho.
25 junho, 2010
costas
seus braços me acalmam.
e, como ambos estão próximos,
deitar ao seu lado tem um quê de labirinto.
21 junho, 2010
:0
Mas isso de ter sono é perigoso. Porque a gente confunde sono com um monte de outros sentimentos. E eles se misturam todos na nossa cabeça (que, de sono, tá confusa) e no nosso peito (que, de sono, tá esquisito)
Acho que to com medo.
Mas a verdade é que só preciso dormir,
Espero que nessa noite eu consiga.
15 junho, 2010
Sobre carros ( e outros vícios)
Quem me conhece sabe que uma das coisas que mais me tiram o humor, na vida, é o trânsito e tudo o que se relaciona com ele.
Questões humanas de cortesia, questões ambientais, o fato de perdermos horas e horas da nossa vida, etc...
E qual não é a contradição de eu mesma ser car addicted?
Sim, odeio dirigir. Mas sou do tipo que no dia do rodízio arranjo outro carro pra poder sair.
Fazer o quê? É meu inferno pessoal. Não encho o tanque, não checo as velas, e demorei meses pra descobrir que meu carro tinha um mini tanque de gasolina na frente... e que eu tinha que enchê-lo também...
Pois bem que passei o fim de semana fora e quando cheguei na segunda o pneu do meu carro tava no chão... Devia estar furado e eu nem percebi.
Contrariada, deixei o carro na garagem e, obviamente viciada, peguei um táxi.
Dia duro. Mas estava decidida a voltar de ônibus. Claro... to longe, longe de esbanjar dinheiro.
No fim, ganhei uma carona. De carro.
Quando cheguei em casa... descobri que o pndeu no chão era até uma boa notícia.
Quando cheguei: a cartinha. Aquela que tem o logotipo do Detran. Você já recebeu?
Eu já. Inúmeras. Incontáveis.
Achei que fosse outra dessa. Outra multa.
Mas não era. Era justamente o resultado das incontáveis anteriores. Que, como vim a descobrir, são bem contáveis. Vinte pra ser exata. Mas meu número somava trinta e dois.
Perdi minha carta. Minha carta de motorista.
Sou uma motorista muito educada. Prezo mais do que ninguém a educação e a humanidade no trânsito. Nenhuma multa é de farol vermelho, parar em faixa de pedestre, não usar seta.... nada. Nada disso.
A questão é que sou distraída pra caralho. E indolente.
Esqueço do rodízio uma vez por mês. Falo no celular... ouço meu IPod... E o governo decidiu, por bem, que não me quer mais dirigindo. Por tempo por ele determinado, ao menos.
A questão é o vício.
Com esse devaneio todo cheguei a uma conclusão um tanto aterradora. Sou viciada em muita coisa, lícita ao menos...
Sou fumante, por mais que tente me convencer do contrário. Sou sim viciada em cigarro.
Bebo toda semana, sem exceção. Não lembro da última vez que passei mais de quatro dias seguidos sem beber. Nem quando fui sozinha pra Bonito, paraíso ecológico no meio do Mato Grosso. Nem quando passei dias caminhando pelo litoral vazio do Uruguai. Nem...
Sou viciada em chocolate também. Assim como muitas pessoas que conheço. Difícil eu passar um dia sem ingerir ao menos um tequinho da delícia marrom.
Café nem se fala. Já desisti de resistir. Não saio da cama sem ele. Duro, duro aceitar que minha cabeça até dói quando não tomo o sumo preto e amargo.
Agora a descoberta da dependência veicular... uma lástima.
Não sei o que vou fazer. Ainda não estou aceitando. Vim trabalhar de carro hoje. (com outro, pois meu pneu permanece no chão). Vim de carro com uma desculpa na ponta da língua caso peguem minha carteira ilegal
“Não recebi cartinha nenhuma, seu guarda...”
Não sei mesmo quais sintomas são necessários para considerar que alguém seja viciado em algo.
Tudo bem que ainda não vendi o microondas da minha mãe pra comprar Nutellla, nem uma xícara de expresso.
Mas vai saber, né?
Bem sei também que to tentando me viciar em correr, como tenho notícias que muita gente o é; mas esse é um vício que tá difícil de adquirir... por enquanto.
E você? Qual seu vício?
11 junho, 2010
09 junho, 2010
É...
Daqui a alguns anos teremos velhas de seios grandes e velhos de pinto duro, mas que não se lembrarão para que servem."
Frase atribuída a Dráuzio Varella
04 junho, 2010
Queria que você soubesse
Queria que você soubesse do medo que sinto. Mesmo segura. Medo de sei lá o que.
Queria que você soubesse que eu nem sei de nada, não. E fico pensando que deveria saber, ter certeza.
Queria que você soubesse que imagino um dia que você terá ido. E aí tento me ver só, e não consigo me achar.
Queria que você soubesse que eu desaprendi isso de fazer um monólogo, e agora só quero diálogos.
Queria que você soubesse que você é meu bem agora. E que quero que fique.
28 maio, 2010
Uma breve homenagem...
Um grande amigo me contou, dia desses, que o Fernando Pessoa sofria bullying.
Você sabe o que é bullying?
Bullying é o nome legal, e em inglês, pra zoação que as crianças e adolescentes fazem com outras crianças e adolescentes, geralmente mais nerds.
Acho que começamos a falar de bulling um dia na hora do almoço... e eu confessei aos queridos colegas que eu sofri desse mal na escola. Todos riram e metade não acreditou.
É verdade, oras. Sofri sim! Tanto que odiava escola. Não tinha amigos. Não queria estudar...
Mas o caso aqui nem sou eu....
É que quando o Rodrigo contou do bulling do poeta: "Sabia que o Fernando Pessoa sofria bullying na escola?"
Eu morri de dar risada.
Mas é claro que o Fernando Pessoa sofria bullying! Talvez ele tenha sido o percurssor do bullying!
Todo mundo que foi "nerd" no colégio, nerd e melancólico, escrevia poesias. E achava que seria o próximo Fernando Pessoa.
Todo mundo tem uns versinhos (ruins) guardados, vai!
Daqueles bem: "Oh vida! Oh alma!"
A questão é que o Fernando Pessoa continuou... pra sempre. E a diferença é que os versinhos dele são geniais.
Anyway, alguém viu no teatro "O Fingidor", a peça linda do Samir Yazbek? É uma biografia ficcional do Pessoa. lá na peça a gente vê: Fernando Pessoa = nerd!
Imagine então o prato cheio que o Fernando Pessoa, aos 12, 13 anos de idade, não era pros amiguinhos zoarem.
Bom, então pra me retratar da gargalhada que eu dei quando fiquei sabendo dessa preciosa informação da poesia lusitana, vou transcrever no meu blog uns trechinhos de um dos meus poemas favoritos do Fernando Pessoa: Tabacaria
"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
(...)
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
(...)
Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando."
(...)
Anyway... vale a pena ler Tabacaria inteiro.
E a matéria do bullying do Pessoa tá aqui
17 maio, 2010
Olha como as coisas são... II
E, olha como as coisas são, trombei com essa mensagem hoje, logo após ter publicado o post anterior...
É o trecho de um mail que eu mandei a um amigo. No dia 4 de Abril de 2009:
"Quanto a vida... ultimamente ela está me tratando muito mal... mas já passei pelo fundo do poço outras vezes e conheço bem a escuridão que é aqui em baixo... to procurando a saída há um tempo, mas ela tá bem escondida.
Mas tudo bem... quanto mais aguda é a dor... mais poético ficamos, não? E eu estou cada dia mais magra e com mais olheiras... ( esteticamente estou uma figura interessante, o que me deixa muito orgulhosa... apesar de chorar todo santo dia.)
Mas não se preocupe... vai passar, eu sei que vai. E quando passa... geralmente a gente fica mais feliz do que estava anteriormente... ( ou será que eu estou tendo alucinações otimistas?)
Anyway... intensifiquei tanto as minhas baladas que estou tendo ressacas monstro.... ( o que é engraçado, pois estava tão santinha no ano passado)"
Conclusão 1 - Gosto das surpresas de se virar a esquina....
Conclusão 2 - É... vou ter mesmo que me acostumar com a "estética olheiras"
Conclusão 3 - As "ressacas monstro" continuam, firmes e fortes.
Espaço em Preto
Será que eu só consigo escrever na dor? Ou na angústia? Ou na insônia? No tédio? No descaminho?
A questão é que estou feliz. E com um vácuo criativo.
Estou calma. relaxada. namorando. apaixonada.
Mas o espaço continua lá. Preto. Na rede e no peito. Porque sempre sobra um espaço em preto. Sempre resta um pedacinho que dói o tempo todo.
Continuo desequilibrada. Continuo com olheiras. Continuo bebendo e fumando muito mais do que meu corpo gostaria.
Mas estou dormindo melhor. Comendo melhor. Pra falar a verdade eu to comendo pra caralho, depois da fase magra from hell, essa saúde toda tá prejudicando meu culote.
A questão é que descuidei das letras. Aqui. E lá.
Será que é o começo do fim? Ou só uma pausa longa?
07 maio, 2010
sem título
Mesmo não vendo postes na minha frente, nem carros, não ouvindo quando chamam meu nome, esquecendo o que deveria ter feito, ou falado, ou escrito.
O outro mundo, esse que me rodeia e que ninguém vê, desse sim, eu não perco nenhum detalhe.
04 maio, 2010
28 abril, 2010
DIVULGANDO
O pgm chama Cientistas do Brasil e vai falar sobre a Desiguladade Social aqui no país
Quem estiver de bobeira, vale a pena ver...
(eu adorei editá-lo)
27 abril, 2010
Usina de Belo Monte: sou contra
Seguinte: o Brasil tem sim potencial para outras formas de energia, como a eólica e a solar. Mas é que ninguém quer perder tempo e gastar dinheiro, né? Bando de preguiçoso!
E outra. Vou votar na Marina Silva sim! Além de tudo, ela é a única com coragem e culhão pra dizer o que pensa na TV (apesar dela ter sido um pouco escorregadia nessa matéria).
Não vou dar meu voto pra covarde, que não tem segurança nem pra dar uma entrevista pros muleques do CQC.
26 abril, 2010
Da série: conversas alheias
"Não. Não vou me preocupar com isso agora.
Como minha avó dizia: cada agonia no seu dia."
Adorei, concordo.
Saravá às avós. E ao que elas já diziam;
"Minha avó já me dizia pra eu sair sem me molhar
(Quem não tem colírio usa óculos escuros)
Mas a chuva é minha amiga e eu não vou me resfriar"
Raul Seixas
Gosto do que minha avó dizia:
"A necessidade é mãe da sabedoria"
e
"A felicidade está onde nós a pomos. Mas nós nunca a pomos onde nós estamos"
21 abril, 2010
Conto de Fadas
Toca o celular. Amigas chamando pra balada.
Saia azul e sapato de boneca.
Come uma abóbora pra forrar o estomago.
Meia noite sai pra rua na sua carruagem Preta Flex
Na pista rock`n roll moderninho. Moços e moças
Um deles se aproxima
- Qual o seu nome
- Bela Adormecida (não lembro se era esse o nome dela)
- Quantos anos você tem?
- O que?
- Onde você mora?
- What the Fuck??
- Me dá um beijo?
Não to numas de beijar um sapo essa noite.
Duas vodkas e pó de Pirlim Pim Pim (é por isso que a Sininho voa?)
Um príncipe loiro... príncipes as vezes gostam de príncipes. Belo beijo.
Através do espelho do banheiro boca borrada. água na cara. cabelo arrumado.
A noite vai ficando clara e a música não acalma.
E a bela amanhece na cama de alguém, após tomar um Blood Mary com Boa Noite Cinderela.
20 abril, 2010
Ontem 2
30 minutos de corrida em velocidade média
1 laranja + 1 pão integral com mel orgânico
Arroz integral + feijão + frango grelhado + tomate
4 canecas de café puro
quase meio kilo de chocolate
3 cigarros
edição noite a dentro
um remedinho pra dormir
É... acho que to bem equilibrada.
19 abril, 2010
ontem
Logo eu, cujas lágrimas caem tão fácil...
Mas não chorei nem vou chorar.
Não dessa vez.
Será?
15 abril, 2010
14 abril, 2010
13 abril, 2010
Sobre Fumaça
Fumava meu cigarro após o almoço, andando pela calçada e discutindo com um novo amigo (ironia ou não, ex repórter da Rádio Sul América Trânsito) sobre a velha(?) questão Serrística paulistana da proibição dos cigarros em bares.
Já discuti muito essa questão e estou com preguiça de levantar outros pontos aqui a não ser este da fumaça mesmo.
A desculpa que todos usam pra taxar os fumantes de "assassinos dos fumantes passivos" é que a proibição protege o pulmão dos garçons que trabalham em bares...
Pelo amor de deus, não????
Meu argumento é que o Serra está tão preocupado com os pulmões dos pobres garçons quanto vocês aí, que lêem, estão preocupados com o descascar das paredes da fachada do estabelecimento comercial situado em alguma esquina de Perdizes: Zero!
Isso porque nem Serra nem político nenhum está preocupado com o pulmão, por exemplo, dos guardas de trânsito que passam 4 horas na esquina da Av. Rebouças com a Brasil, cruzamento que atravesso todo dia, e que tem mais fumaça em um dia do que eu já soltei em bares durante toda a minha existência como fumante.
Também não vejo muita preocupação por parte de nosso excelentíssimo candidato a presidência com a saúde pulmonar, física e psicológica do imenso contingente de profissionais de fábricas de metais pesados, isopor, amianto, minas de carvão, usinas nucleares ou as terríveis fábricas de auto-peças (eu já gravei pra saber) que de tão barulhentas deixam qualquer ser humano completamente desorientado em 15 minutos, que dirá em turnos de seis horas diárias.
Não to defendendo o cigarro aqui, to, mea culpa, condenando a fumaça e o barulho dessa cidade que há muito já se mostrou pouco receptiva pra quem tem a infelicidade de ter que se deslocar por ela. E isso, hoje, com melhores argumentos assaltados do maravilhoso blog do Denis Russo.
Tenho amigos que não têm carro e se deslocam por São Paulo a pé, de bike, de moto, e até de transporte público, vá lá!... e são eles meus ídolos diários, eles sim (e outros como eles) estão colaborando para uma cidade mais limpa (e silenciosa, pelos bikers) pra mim e pros meus pulmões que, segundo alguns apocalípticos, estão terrivelmente condenados graças ao meu cigarro pós almoço, (e não pelo ar podre ou pela quantidade de agrotóxicos que eu ingiro diariamente ).
Por isso deixo aqui minha homenagem a eles. Que abandonaram o carro, (pelo menos nos cinco dias úteis da semana), coisa que eu ainda não fiz graças a um misto de medo (sou descordenada o bastante para a bike ser, pra mim, um esporte de alto risco) e de preguiça.
Por tudo isso, achei por bem colar aqui os argumentos bacanas que me valeram esses cinco minutos de vontade de falar sobre fumaça: (somados a conversa jogada fora com o Rodrigo, o tal amigo, durante o cigarro)
"Ano passado, por determinação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a quantidade máxima de enxofre no diesel de caminhões deveria ter sido reduzida. Mas a ANP se esqueceu de entregar à Petrobras as novas especificações do combustível. A Petrobras se fez de morta e, quando ficou em cima da hora, alegou que não havia tempo hábil para fazer a mudança. A ANP então adiou a redução para 2012. Saldiva (o médico Paulo Saldiva) fez as contas:
– 14.000 pessoas vão morrer em conseqüência direta dessa prorrogação. O governo precisa saber que, ao aprovar o adiamento, autorizou a morte de 14.000 pessoas.
Ele não alivia. É especialmente crítico às empresas de petróleo, que segundo ele, deveriam incluir na sua conta o prejuízo que causam ao país, em dinheiro e em vidas.
Sim, poluição mata. Mata 12 pessoas por dia só em São Paulo. Mata mais idosos que jovens. Mata mais pobres que ricos. Quem mora na periferia e tem que esperar nos pontos de ônibus respira mais veneno do que quem está passando pelo ponto de carro soltando fumaça. Dê uma olhada no mapa que mostra a incidência de mortes por doenças respiratórias na cidade: quem mais morre é quem vive nas regiões mais pobres."
(continua no post do Denis Russo)
É isso, por agora.
08 abril, 2010
07 abril, 2010
05 abril, 2010
01 abril, 2010
30 março, 2010
Historinha
E ele olhava pra ela com aqueles olhos pretos. Olhos de anjo sem asas. E um sorriso que a deixava completamente sem graça.
E ele a adorava; Adorava o que ela falava. Como ela ria. E ela ia ficando cada vez mais a vontade... seus beijos iam ficando cada vez mais familiares.
Uma garrafa de vinho. E os beijos, de familiares iam se tornando indispensáveis, urgentes.
Parecia que se conheciam há meses... mas não chegava nem perto disso.
Ambos gozaram. E dormiram aquele sono pesado... que dura minutos mas parece toda a eternidade.
(os anjos não têm sexo?)
E, ao despertar, ela se encontrou de novo. Encontrou-se e encontrou onde estava. Novamente.
Ele percebeu a mudança; Apertava-a. Forte. “Fica aqui”
Não. Ela não queria ficar. Queria fugir. Sumir. Voltar. (voltar pra onde? Pra quando)
De repente o que parecia certo e familiar, tornou-se algo estranho. Monstruoso. E ela não cabia dentro de si. Como poderia caber dentro dele, mas não dentro de si?
Ela só coube em alguém. Uma vez.
E apavorada. Completamente apavorada. Ela fugiu.
Fugiu pra dormir o sono de minutos... e da eternidade... em outro lugar.
26 março, 2010
In On It
A peça In On It tá em cartaz no Teatro da FAAP. Fui assisti-la domingo. De novo.
Fui em outro domingo com um grande amigo. Dramaturgo. Sensível.
Fui de novo porque gostei do texto
Fui de novo porque gosto de arrastar as pessoas para coisas que acho boas.
Arrastei minha irmã e uma amiga de longa data. Me agradeceram no fim:
“Indica sempre que tiver essas coisas legais.”
“Indico”
In On It tem dois atores, Emílio de Mello e Fernando Eiras, duas cadeiras e um casaco.
“O riso leva a gente onde o pensamento não vai. Mas esse riso nasce das lágrimas.
Talvez seja isso que o autor queira nos dizer. Que não devíamos parar pra controlar, possuir, definir, mas ir adiante, sempre adiante, como a música.”
Quem disse isso foi o Fernando Eiras, roubei do programa da peça.
O texto do canadense Daniel Macivor é irretocável. Quer dizer, provavelmente os atores e o diretor tocaram e retocaram o texto... anyway. O resultado é perfeito.
Tragicômico. Dolorido e engraçado. Como a própria vida.
Há quem diga que a vida é uma aventura. Há quem diga que é um drama. Um romance, uma novela...
Pra mim o único gênero cabível pra vida é a Tragicomédia!
É sabido que sempre que uma nova forma de expressão artística aparece. Aparece com ela a polêmica de se ela vai substituir a anterior.
A verdade é que o que vemos, sempre, é a anterior se recriando.
Foi assim com a Pintura, quando surgiu a Fotografia: como, agora, a foto podia “mostrar” a realidade, coube a Pintura representá-la.
Representar a realidade pelos olhos sensíveis do artista.
A mesma polêmica circundou o Teatro, quando do nascimento do Cinema.
E eu, por minha bem particular parte, acredito que o Teatro mega realista perdeu sua razão de ser.
Mas o Teatro se achou e se recriou divinamente em formas que só, e somente só, fazem sentido em um palco.
In On It é isso!
25 março, 2010
Meu
Não, não to falando de acidentes. To falando parado mesmo. Apodrecido dentro do carro.
Hummm
Esse blog tá mesmo em um momento animal. (animal mesmo. Não um momento "animal", essa gíria meio boba que quer dizer "muito legal" )
Por isso decidi por bem (meu, no caso), publicar algumas coisinhas que remetam ao tema
(isso de remeter ao tema é tão "coisa de roteirista"... ai preciso parar com isso!)
Anyway, vamos ao tema:
Filhote é foda! Pode ser filhote de rato, é sempre a coisa mais gostosa.
Como meu blog, a despeito de alguns fatos, pretende ser um espaço criativo... não vou postar aqui um filhote fofo de gatinho, cachorrinho, coelhinho...
Mas alguém já viu filhote de porco-espinho?
Não é muito nhami!?!
Bom... mas já que estamos no assunto bichinhos, que eu amo.
E já que estamos aqui, não é? Vou juntar ao tema outra paixão minha. Chocolate
Ou, como diria Homer Simpson, chooocccoooollllaaaattteeeee (babando)
E já que estamos falando em assuntos de meu próprio interesse, vamos ao meio ambiente.
Sim, sou mega ultra preocupada com o meio ambiente. E quem acompanha o blog sabe: adoro eco trip, já fiz programa ambiental, e sou voluntária do Greenpeace.
Portanto, acho de bom tom colocar esse vídeo aqui que, como boa (??) roteirista que sou, achei que traduzia em imagens os tres temas que acabei de apresentar-lhes: bicho, chocolate e meio ambiente
Não to querendo, mesmo, ser panfletária. E longe de mim transformar esse espaço agradável em um espaço chato de informações disso ou daquilo. Mas eu to avisando porque eu também não sabia dessa história toda.
E também comi muito Kit Kat por aí... Mas é que as informações chegam mais fácil pra mim, que to na área. Então, pra quem quiser saber, não custa nada. E mais, Kit Kat nem é assim tão gostoso. Sou bem mais um Ouro Branco
INFORMAÇÕES:
Protestos pipocaram por toda a Europa contra a destruição das florestas que servem de habitat para orangotangos na Indonésia. O motor dessa devastação, que colocou os primatas à beira da extinção, é a conversão do uso do solo de mata virgem para o plantio de palmáceas.
A Nestlé, que sustenta essa atividade comprando óleo de palma da Indonésia para produzir chocolates como o Kit kat, foi o alvo das manifestações no continente europeu, parte de uma campanha global que o Greenpeace lança hoje contra a companhia. A Nestlé por enquanto continua jogando de ponta de lança no time das empresas que estimulam a destruição das florestas tropicias.
Além de financiar a derrubada em massa de mata na Indonésia e empurrar os orangotangos para o abismo da extinção, a Nestlé está contribuindo para agravar o aquecimento global. Florestas ajudam a regular o clima e acabar com o desmatamento, uma das maneiras mais rápidas de reduzir as emissões de Co2 na atmosfera.
Foi por isso que escritórios da Nestlé na Inglaterra, Holanda e Alemanha acabaram sendo palco de protestos por ativistas do Greenpeace, pedindo para que a empresa deixe de utilizar óleo de palma proveniente da destruição de área antes ocupada por florestas na Indonésia.
Além da produção de óleo de palma, a Sinar Mas também é proprietária da Ásia celulose, a maior empresa de papel da Indonésia. A empresa também infringe a lei da Indonésia ao destruir as florestas protegidas para cultivar plantações de óleo de palma.
Como todos devem saber, a Nestlé é a maior empresa de alimentos e bebidas do mundo. O que ninguém sabia até então era que a empresa também é um grande consumidor de óleo de palma produzido às custas do desmatamento das florestas tropicais. Nos últimos três anos, a utilização anual do óleo quase duplicou, alcançando a marca de 320000 toneladas que entram em uma enorme gama de produtos, incluindo o chocolate mega popular KitKat, que não é vendido no Brasil.
"Toda vez que você der uma mordida em um KitKat, você pode estar dando uma mordida nas florestas tropicais da Indonésia, que são fundamentais para a sobrevivência dos orangotangos. A Nestlé precisa dar aos orangotangos uma pausa e parar de utilizar óleo de palma de fornecedores que estão destruindo as florestas", disse Daniela Montalto, do Greenpeace internacional.
Diversas empresas importantes, incluindo a Unilever e Kraft, cancelaram os contratos de óleo de palma com a Sinar Mas. A Unilever cancelou um contrato de 30 milhões de dólares no ano passado. A Kraft cancelou o seu em fevereiro. "Outras grandes empresas estão agindo, mas a Nestlé continua fechando os olhos para os piores infratores. É tempo de a Nestlé cancelar seus contratos com a Sinar Mas e parar de contribuir com a destruição das floresta tropical e de turfas,"
Meu, o orangotango é um bicho lindo. Parece a gente!
E só tem mais uns 100 mil no mundo. Parece muito? Mas não é!
É o que cabe de gente no Estádio do Morumbi.
Por sinal, informação do querido Fabio, é até menos.
Temos menos orangotangos no mundo do que tinham torcedores do Corinthians e da Ponte Preta no Morumbi na final do campeonato paulista de 1977. (É... o Fábio é mega enciclopédia futebolística)
Ok, já fiz aqui minha gritaria do dia. Quando descobrir mais coisas que a gente pode fazer pra proteger algo, eu aviso!
Mas... já que estamos aqui, e o assunto é animal (de novo, não é a gíria, nem um trocadalho tosco) não resisti em encher a conversa com fotos de bebes que raramente vemos:
23 março, 2010
19 março, 2010
16 março, 2010
Tá
- Não gosto de Coca Cola
- Tenho pena de matar barata
- Aos 14 anos fui fazer Teatro porque não gostava de quem eu era. Aos 19 virei atriz profissional por mero acaso. Aos 23 desisti, porque achava que não tinha talento suficiente para tirar a respiração do público.
- Eu não sei fazer regime
- Tudo o que eu sinto é em extremos. E muito.
- Sou desequilibrada
- Nunca consegui meditar na Yoga
- Também nunca consegui ficar de ponta cabeça sem o apoio da parede.
- Igual a toda mulher: eu tenho prisão de ventre, não gosto do meu cabelo, quero perder 3 quilos, sou viciada em chocolate e me apaixono por cafajestes. ( o que me torna um pouco óbvia)
- Gostei mais de tomar uma bala do que de saltar de pára-quedas
- Sou uma das pessoas mais preguiçosas que eu conheço
- Sou completamente ciente que já perdi inúmeras oportunidades por pura preguiça.
- Eu sou barbeira (mas eu to cagando e andando pra isso, até porque eu não gosto de dirigir. Dirijo por pura necessidade.)
- Já chorei assistindo a cópula de duas lesmas em um documentário sobre vida natural, gravado com uma super mega lente.
Por sinal, o episódio desse documentário que mostra insetos que fazem teias foi uma das coisas mais esteticamente lindas e sensíveis que eu já vi na televisão.
- Queria me vingar, mas tenho preguiça.
- Quando gosto muito de um filme, eu sinto inveja do roteirista.
- Eu minto às vezes. E minto bem.
12 março, 2010
Pensei nisso agora
Sempre adorei animais. Desde pequenininha.
Passei a infância indo para o sítio do meu avô (já falei deles aqui). E lá, tinha um monte de animais. Selvagens e domesticados.
Não sei por que cargas d´água, eu me convenci que me comunicava com os animais. Achava mesmo que tinha o poder único na humanidade de conversar com os bichos.
Como a maioria dos bichos com os quais eu conversava eram amigos imaginários. Eu seguia papeando com eles no jardim da minha casa, em São Paulo.
Mas, invariavelmente, acabava indo testar essa comunicação, todas as férias, com os animais reais do sítio.
Chegava de mansinho... bem perto de um cavalo, vaca, bezerro, porco, galinha, gambá, passarinho, pintinho, ou seja lá que bicho eu encontrasse...
Ia chegando pra falar com ele... Ia conversando baixinho... e prestando atenção à resposta.
Ahhhh, mas eles sempre acabavam fugindo. Viravam as costas e saiam. Me ignorando sem a menor cerimônia.
Não respondiam, saiam e não olhavam pra trás.
Caraca! vendo as cenas do cavalo branco do post do Marcelo, me lembrei de como isso me doía.
Como me machucava essa esnobação toda.
Os bichos me deixavam, literalmente, falando sozinha.
E eu sofria um bocado.
Me sentia rejeitada. A última das criaturas. A menos interessante. A menos gostada.
Bom, não preciso nem dizer que, nessa idade, eu não tinha muitos amigos humanos, não é?
Talvez não tivesse mesmo nenhum.
Mas esses animais, obviamente, não me ignoravam por minha causa, conscientemente. Eles tampouco entendiam toda a importância de, naquele momento, me fazerem companhia, ou mesmo manter um diálogo com a minha pessoa.
A questão é que eu lembrei agora dessa sensação ruim.
Daí eu lembrei também que algumas pessoas, de vez em quando, agem como esses animais.
E com o tempo, depois de uns tombos, eu aprendi a não me importar tanto com isso.
Mas eu também me lembro bem, que muitas vezes algum cavalo ou bezerro, não fugia. Ao contrário, aceitavam minha companhia e meus afagos (e meu papo, confesso.)
E, cara, esse era realmente o ponto alto do meu dia!
Passava horas com a criaturinha...
Isso renovava, em segundos, a minha certeza de ser o único ser humano na Terra com poderes reais de me comunicar com os bichos!
Essa é a sorte que eu tenho em ter ao meu lado algumas pessoas especiais. Que renovam, diariamente, minha fé na humanidade.
E a certeza de que existe muita gente por aí que ficará esperando, sem fugir, quando eu chegar de mansinho... bem perto.
10 março, 2010
08 março, 2010
impressões do Oscar de ontem
Uhhhuuuuuu!!! BOA Campanella!!!!! O Segredo dos Seus Olhos levou!!!! Uhuuuuu! Foda!!! Amei!!!!Irado!!!! Boa hermanos!!!! Boa Darín!!! aha uhu... Fita Branca dançou!!! Yes!!!
Na boa, como que o Mark Boal me leva um Oscar de roteiro original? Ele não tá sendo processado pelo soldado lá? Falando que ele contou a história dele e não deu crédito?
Ok... não tá provado, deve até ser jogo de ego do soldadinho... anyway
Ele devia concorrer por roteiro adaptado, não?
Agora, de verdade, o único que merceia levar roteiro original é o "Bastardos Inglórios". Que roteiro é aquele?? Ele contou originalmente uma história que ninguém ousa nem mexer!! Incrível. Ele devia ser premiado mil vezes. Isso sim é uma ideia original! Puta roteiro!
(Até o UP, a animação que tava concorrendo por roteiro original, com a história do velhinho que voa com balões de aniversário... até ele não foi tão original assim... Porque teve um padre brasileiro aí... que pegou uns balões de aniversário e.... bom, vocês conhecem o caso, né? hahaha)
07 março, 2010
licença poética
(Adorniran Barbosa)
As mariposa quando chega o frio
Fica dando vorta em vorta da lâmpida pra si isquentá
Elas roda, roda, roda e dispois se senta
Em cima do prato da lâmpida pra descansá
Eu sou a lâmpida
E as muié é as mariposa
Que fica dando vorta em vorta de mim
Todas noite só pra me beijá
As mariposa quando chega o frio
Fica dando vorta em vorta da lâmpida pra si isquentá
Elas roda, roda, roda e dispois se senta
Em cima do prato da lâmpida pra descansá
Tá muitu bom...
Mas num vai si acostumá, viu
Dona mariposinha?
Eu postei essa letra e depois fiquei pensando.
O Adoniran até era um velhinho fofo. E eu adoro as músicas dele. Mesmo. Inclusive, e até por isso, pelas incríveis licenças poéticas do erros de portugues! Os sambinhas dele são perfeitos!
Mas essa letra aí é meio machista. E meio cafajeste, né não?
Será que a mulherada disputava o beijo dele tanto assim? Que nem mariposa na luz? Sei não...
E esse "num vai si acostumá"? Existem registros do Adoniran ser tão irresistível?